Estabelecimento de um conflito: Se você quer me ajudar, libertando-me dessa terrível condição, e, de quebra, viver a maior aventura de sua vida, venha encontrar-se comigo hoje, sexta-feira, treze de junho, à meia-noite, em frente ao portão do cemitério. Assinado: Quimera P. S. — Não traga nenhum adulto; ultimamente, ando com vontade de devorar maiores de dezoito anos!— Nós... nós... va-vamos? Encon-con-trar Quimera? No ce-ce-cemitério? À meia-noi... noi... te? — Claro que vamos! — Encontrar quimeras à meia-noite, em cemitérios, parece a coisa mais natural do mundo para Irenona.
Desenvolvimento: — Será que Quimera já devorou Mateus? — A pergunta é de Bié, que, sem se dar conta da impertinência do assunto, continua: — Qual será o gosto do Mateus? Doce? Amargo? Gente, quem sabe a carne dele é ardida? Daí Quimera não consegue comer, cospe tudo fora e... ai! — Bié leva um forte cascudo de Paloma. Exaustos, os meninos recostam-se na porta do Theatro de Pyrenopolis, deixando os corpos escorregarem até o chão. Devido ao peso, a porta abre-se; os quatro caem para trás, ao mesmo tempo. Resolvem entrar, para descansar um pouco e tentar colocar as ideias no lugar. Sentam-se nos bancos de madeira do antigo teatro, um ao lado do outro.
Clímax: Sua voz de trovão espalha-se pela casa maldita: — Antes de matar vocês, vou fazê-los chorar lágrimas de sangue! Primeiro, vocês apodrecerão aqui, neste porão das torturas! Só vou devorá-los depois que estiverem bem humilhados, bem apavorados, bem desesperados, bem arrasados, bem amassados, inteiramente derrotados! A ideia parece animar a fera. Antes de bater a pesada porta e passar o ferrolho pelo lado de fora, solta uma última gargalhada: — Uahahahahahaha!
Desfecho: Cientista Maluco vira-se bruscamente na cadeira, deixando cair um frasco do bolso do avental. "A poção mágica do amor!", exclama o menino, abaixando-se depressa para pegar o vidro. — Espere! O que você tem aí? — pergunta Quimera, já com uma das patas sobre o frasco. — O que é isso? — É... hum... bem... hã... Reconhecendo o frasco, Paloma decide ajudar o amigo: — É um licor, feito pela mãe de Cientista Maluco! Diz ele que é delicioso! — Ótimo! — anima-se Quimera. — Ótimo! Vamos brindar ao fim de vocês todos! Decidi devorá-los daqui a alguns minutos! — Dirige-se à cozinha: — Vou buscar copos!