Apologia da História ou O Ofício de Historiador
Na apresentação à edição brasileira, por Lilia Moritz Schwarcz
No prefácio, Jacques Le Goff nos mostra pontos importantes para entendimento do livro. Dialogar, mas não confundir a história com sociologia. Marc Bloch se pauta em possibilidades de possíveis explicações que a psicologia pode oferecer ao historiador.
Conclui-se
este início de leitura nos proporciona melhor imersão na obra em questão, além de suas conquistas acadêmicas e grandes publicações inovadoras, vemos que Bloch vivenciou duas grandes guerras e avaliando sua responsabilidade social, não exitou em lutar. Mesmo em condições inóspitas, continuou a registrar suas ideias e pensamentos que permanecem sendo de tamanha importância nos estudos de história.
Elaborou
breve histórico da vida acadêmica e pessoal do autor, Marc Bloch.
Frequentou a École Normale até o ano de 1908, se formou em história medieval pela Île de France, e em 1913 e publicou seu primeiro estudo. Na faculdade de letras da Universidade de Estrasburgo se tornou Chargé de Cours e Maître de conférences em 1919 e professeur em 1921. Foi lá que conviveu com o historiador da Revolução Francesa, Georges Lefebre e Lucien Febvre, com quem se encontrou diariamente entre 1920 e 1933.
uma breve exemplificação de sua escrita
Segundo o provérbio árabe “Os homens se parecem mais com sua época do que com seus pais”, essa foi a fórmula usada por Marc Bloch. Segundo ele, a história não seria mais entendida como uma “ciência do passado” e o passado não é “objeto da ciência”, e sim uma estrutura em progresso, destacando a importância do presente para compreensão do passado
A Lucien Febvre, à guisa de dedicatória Iniciando com “Caso um dia este livro seja publicado”, podemos sentir as incertezas e desesperanças para o escritor em um período de guerra.
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inspiração que Lucien Febvre exerceu em sua obra se tratando de suas discussões vivificadas, fundamentais e como isso criaria mais um vínculo entre ambos.
Na introdução, resumidamente diz como e por que um historiador pratica seu ofício. Ao leitor cabe decidir, em seguida, se tal ofício merece ser exercido.
Apresenta-se
a influência da escola sociológica fundada por Durkheim, que o ensinou a analisar a história mais profundamente e seus professores Langlois e Seignobos, ambos ensinaram que o historiador tem como dever ser sincero e que o próprio progresso de seus estudos é feito da contradição necessária entre as gerações sucessivas.
entendo que
Bloch conseguiu utilizar de referências específicas da história e de quem vos estudava, para mostrar a importância da ciência que escolheu exercer por vocação.
Capitulo I - A história, os homens e o tempo.
Apresentou
Há muito tempo nossos grandes precursores, Michelet, Fustel de Coulanges, nos ensinaram a reconhecer: o objeto da história é, por natureza, o homem. Digamos melhor: os homens, são os homens que a história quer capturar. A obra de uma sociedade que remodela, segundo suas necessidades, o solo em que vive é um fato eminentemente "histórico".
Conclui-se
a importância individual de conhecimento de acordo com suas iniciativas de estudos na área de história. A escolha do historiador, a relação da história e os homens, o tempo histórico a ser estudado, as origens e a relação entre passado e presente.
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Capítulo II - A observação histórica
As características mais visíveis da informação histórica foram muitas vezes descritas no imenso tecido de acontecimentos, gestos e palavras de que se compõe o destino de um grupo humano. O investigador do presente não é, quanto a isso, melhor aquinhoado do que o historiador do passado. O conhecimento do passado é uma coisa em progresso, que incessantemente se transforma e aperfeiçoa. É nas testemunhas à revelia que a investigação histórica, ao longo de seus progressos, foi levada a depositar cada vez mais sua confiança.
Meu entendimento
notamos a importância da pesquisa e das testemunhas que com seus relatos registrados, proporciona ao cientista uma importante ferramenta na busca pela verdade histórica, ou ao que mais perto dela se aproxima. Mas é preciso ser coerente, mesmo tentando de tudo, temos de saber a hora certa de admitir que tal conhecimento ainda não está ao nosso alcance.
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Capítulo III - A Crítica
Esboço de uma história do método crítico
Sabe que suas testemunhas podem se enganar ou mentir. Mas, antes de tudo, preocupa-se em fazê-las falar, para compreendê-las. É uma das marcas mais belas do método crítico ter sido capaz, sem em nada modificar seus primeiros princípios, de continuar a guiar a pesquisa nessa ampliação.
Em busca da mentira e do erro
De todos os venenos capazes de viciar o testemunho, o mais virulento é a impostura, falsificação e a soturna manipulação em documentos autênticos que na narração, tinham detalhes inventados.muitos acontecimentos históricos só puderam ser observados em momentos de violenta perturbação emotiva ou por testemunhas cuja atenção era incapaz de decidir com intensidade suficiente sobre as características às quais o historiador atribuiria atualmente um interesse preponderante.
Concluo
Se assegura à enfatizar a importância de examinar, distinguir qualquer material que lhe seja apresentado, a se julgar por períodos em que a igreja manipulava seus registros ou como o papel da propaganda e da censura em tempos de guerra. O autor nos prepara para que trabalhamos humildes notas, pequenas e minuciosas referências, de que tantos espíritos ilustrados zombam atualmente, para ter bom resultado em busca de veracidades históricas.
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Capítulo III - 3. Tentativa de uma lógica do método crítico
É preciso considerar em primeiro lugar o caso elementar do relato, o princípio da contradição proíbe impiedosamente que um acontecimento possa ser e não ser ao mesmo tempo. Encontramos, mundo afora, eruditos cuja generosidade não descansa até descobrir, entre afirmações antagônicas, um meio-termo. Para que um testemunho seja reconhecido como autêntico, o método, vimos isso, exige que ele apresente uma certa similitude com os testemunhos vizinhos. Adquirimos o direito de não acreditar sempre, porque sabemos, melhor do que pelo passado, quando e por que aquilo não deve ser digno de crédito.
Concluo
como desmascarar uma imitação
constatações da veracidade de fatos históricos através de testemunhos, testemunhos similares, documentos e suas formas de escritas de acordo com escribas, base de seu vocabulário e datas relativas, se for possível estabelecê-las. Na falta desse apoio, a análise psicológica, com a ajuda das características internas do objeto ou do texto, reassumirá seus direitos, nos levando ao mais próximo possível de um resultado eficaz.
Capítulo IV - A análise histórica
- Julgar ou compreender? O cientista é convidado a se ofuscar diante dos fatos, quando observa e chega a uma explicação, sua tarefa está terminada. A história tem a condição de ela própria renunciar a seus fatos, é uma vasta experiência de variedades humanas, um longo encontro dos homens.
- Da diversidade dos fatos humanos à unidade da consciência Para fazer uma ciência, será sempre preciso duas coisas: uma realidade, mas também um homem, compreender, nada tem de uma atitude de passividade. O perigo começa quando cada projetor pretende ver tudo sozinho, quando cada canto do saber é tomado por uma pátria.
- A nomenclatura É preciso distinguir as diversas instituições que compõem um sistema político, as diversas crenças, práticas, emoções de que é feita uma religião.
Concluo
O vocabulário dos documentos não é nada mais que um testemunho, precioso, mas imperfeito. Instituições, crenças, costumes de uma sociedade, a transposição em uma outra língua, feita à imagem de uma sociedade diferente, faz destes testemunhos um material de riscos. Cada termo importante, cada característica, torna-se um verdadeiro instrumento de conhecimento, mas o historiador tem que ter muito cuidado com suas afirmações.
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Capítulo IV - Nas historiografias que herdamos a história era, antes de tudo, uma crônica de líderes. Era das vicissitudes da soberania que ela extraia. Na medida em que nos limitamos a estudar, no tempo, cadeias de fenômenos aparentados, o problema é, em suma, simples. É a esses próprios fenômenos que convém solicitar seus próprios períodos. Uma história religiosa do reino de Filipe Augusto? Uma história econômica do reino de Luís XV? Um advento, uma revolução têm seu lugar fixado, na duração, em determinado ano, quase em determinado dia.
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Capítulo V - Tratando-se da busca exata de distinção de gerações, apaixonar-se por um mesmo debate, mesmo em sentidos opostos, ainda é assemelhar-se. Uma geração representa apenas uma fase relativamente curta, as fases mais longas chamam-se civilizações. Cabe à prática introduzir em suas distinções uma exatidão e um discernimento crescentes. Tomemos cuidado, aliás; a superstição da causa única, em história, não raro é apenas a forma insidiosa da busca do responsável, por conseguinte, juízo de valor. Resumindo tudo, as causas, em história como em outros domínios, não são postuladas. São buscadas.
Concluo
Nesta leitura de encerramento do livro, o autor nos apresenta vários exemplos históricos sobre a periodicidade das gerações e como devemos classificá-las. Existem gerações longas ou gerações curtas, só a observação permite apreender os pontos em que a curva muda de orientação. Segundo a cadência mais ou menos viva do movimento social, os limites se cerram ou se distendem. Destaca ainda o erro de considerar primeiras hipóteses como evidentes, é preciso prová-las.
Bloch vivenciou duas grandes guerras e avaliando sua responsabilidade social, não exitou em lutar. Sem dúvidas o que mais me interessou nessa leitura, foi como ela se faz verdadeira relacionando com eventos atuais, em contextos políticos, vivenciados no Brasil e no mundo. Quando o autor trata da busca pela verdade ao dizer que é preciso ser coerente, temos de saber a hora certa de admitir que tal conhecimento ainda não está ao nosso alcance, relaciona em como as divisões políticas e defesa cega aos seus candidatos, faz a sociedade esquecer completamente o bem comum. No método crítico em a busca da mentira e do erro, relaciono com a propagação de fake news pela falta de noção na importância de examinar, distinguir qualquer material que lhe seja apresentado. O indivíduo comete o erro de considerar primeiras hipóteses como evidentes, e esquece de que é preciso prová-las.