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Antrop. Barth - A análise da cultura nas sociedades complexas (Bali e a…
Antrop. Barth - A análise da cultura nas sociedades complexas
A teoria e os conceitos antropológicos devem ser testados na análise da vida tal como ela ocorre em um determinado lugar do mundo.
Qualquer lugar pode servir como provocação para desafiar e criticar a teoria antropológica
Bali e a práxis antropológica
Devemos tentar olhar para nosso objeto de estudo sem que nossa visão seja excessivamente determinada pelas convenções antropológicas herdadas
Uma diversidade desconexa de atividades e a mistura do novo com o velho, formando um cenário cultural sincrético, são características desconfortáveis com as quais o antropólogo irá se defrontar em quase todo lugar.
Os antropólogos são treinados a suprimir os sinais de incoerência e de multiculturalismo encontrados, tomando-os como aspectos não-essenciais decorrentes da modernização, apesar de sabermos que não há cultura que não seja um conglomerado resultante de acréscimos diversificados.
A vida no norte de Bali impressiona pela extraordinária riqueza e grau de elaboração no domínio simbólico/expressivo e não por seu caráter unitário.
Bali-hinduísmo
Preocupações Materiais
Islã
Bali Aga
Feiticeiros e Feitiçarias
Reformulando nosso conceito de cultura
A realidade de todas as pessoas é composta de construções culturais, sustentadas de modo eficaz tanto pelo mútuo consentimento quanto por causas materiais inevitáveis.
Esse consentimento está incrustado em representações coletivas: a linguagem, as categorias, os símbolos, os rituais e as instituições.
O que os antropólogos chamam de cultura de fato torna-se fundamental para entender a humanidade e os mundos habitados pelos seres humanos.
A afirmação de que a realidade é culturalmente construída não resolve a questão de como e de onde surgem os padrões culturais.
As pessoas participam de universos de discurso múltiplos, mais ou menos discrepantes; constróem mundos diferentes, parciais e simultâneos, nos quais se movimentam. A construção cultural que fazem da realidade não surge de uma única fonte e não é monolítica.
Ao analisar o pluralismo cultural em algumas áreas do Oriente Médio, considerei esclarecedor pensar em termos de correntes (streams) de tradições culturais, cada uma delas exibindo uma agregação empírica de certos elementos e formando conjuntos de características coexistentes que tendem a persistir ao longo do tempo, ainda que na vida das populações locais e regionais várias dessas correntes possam misturar-se.
Tal modelo envolvendo diferentes correntes de tradições culturais não implica nenhuma suposição predefinida sobre o que exatamente mantém juntos os elementos de cada tradição coexistente - afinal, é exatamente isso que estamos tentando descobrir - nem expectativa alguma de que todas elas tenham características homólogas e dinâmicas básicas semelhantes.
Reconceitualizando a cultura
O significado é uma relação
entre uma configuração ou signo e um observador, e não alguma coisa sacramentada em um uma expressão cultural particular.
"O significado é uma relação" - Direciona nosso olhar para a ligação entre qualquer meio de expressão e a pessoa que usa o responde a esse meio, etapa necessária para que se possa elucidar o significado dos objetos culturais.
Considerar o significado como uma relação faz com que o pesquisador dê mais atenção ao contexto e à práxis.
Em relação à população,
a cultura é distributiva;
compartilhada por alguns e não por outros. Assim, não pode ser definida como o que vc precisa saber para ser membro de uma determinada sociedade. As estruturas mais significativas da cultura talvez não estejam em suas formas, mas sim em sua distribuição e padrões de não-compartilhamento.
O produto coletivo não é apenas o resultado da agregação temporária de uma cultura que encontra-se diferenciadamente distribuída: é algo que também reproduz, na tradição, o caráter distribuitivo da culura..
Observar atentamente a distribuição da cultura mostra de que maneira ela anima a vida social e gera construções culturais complexas. Isso leva a uma sociologia do conhecimento que pode esclarecer a produção e reprodução culturais em um mundo complexo e heterogêneo.
Os atores estão sempre e essencialmente posicionados.
Nenhum relato que pretenda apresentar a "voz dos próprios atores" tem validade privilegiada, pois qualquer modelo de relação, grupo ou instituição será necessariamente uma construção do antropólogo. Os trabalhos antropológicos reflexivos mais recentes, ainda que enfatizem a natureza contngente e posicionada dos relatos, se concentram de modo excessivamente egocêntrico sobre o diálogo dos nativos conosco, dando pouca atenção ao diálogo entre os próprios nativos.
Vivemos nossas vidas com uma consciência e um horizonte que não abrangem a totalidade da sociedade, das instituições e das forças que nos atingem. De alguma maneira, os vários horizontes limitados das pessoas se ligam e se sobrepõem, produzindo um mundo maior que o agregado de suas respectivas práxis gera, mas que ninguém consegue visualizar.
Cada pessoa está "posicionada" em virtude de um padrão singular formado pela reunião, nessa pessoa, de partes de diversas correntes culturais, bem como um função de suas experiências particulares.
Eventos são o resultado do jogo entre a causalidade material e a interação social,
e consequentemente sempre se distanciam das intenções dos atores individuais. Precisamos incorporar ao nosso modelo de produção da cultura uma visão dinâmica da experiência como resultado da interpretação de eventos por individuos, bem como uma visão dinâmica da criatividade como resultado da luta dos atores para vencer a resistência do mundo.
Todas essas correntes apresentam uma dimensão histórica
Assim, devemos abordar as várias correntes tomando cada uma delas como universo de discurso, e:
caracterizar seus padrões mais destacados;
mostrar como ela se produz e reproduz, e como mantém suas fronteiras
ao fazê-lo, descobrir o que permite que haja coerência, deixando em aberto, para ser solucionado de maneira empírica, como e em que grau os seus conteúdos ideativos chegam a forma um sistema lógico fechado como tradição de conhecimento.
Devemos também identificar os processos sociais pelos quais essas correntes se misturam, ocasionando por vezes interferências, distorções e mesmo fusões.