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DOENÇA, CURA, SAÚDE ((...) [O] normal, no entanto, não é chamado…
DOENÇA, CURA, SAÚDE
(...) [O] normal, no entanto, não é chamado propriamente de normal; já que, para o ser vivo não domesticado e não preparado experimentalmente, o normal é viver em um meio em que flutuações e novos acontecimentos são possíveis.
A doença é ainda uma norma de vida, mas uma norma inferior, no sentido que não tolera nenhum desvio das condições em que é válida, por ser incapaz de se transformar em outra norma. O ser vivo doente está normalizado em condições bem definidas, e perdeu a capacidade normativa, a capacidade de instituir normas diferentes em condições diferentes.
É preciso começar por compreender que o fenômeno patológico revela uma estrutura individual modificada. É preciso ter sempre em mente a transformação da personalidade do doente. Caso contrário, arriscamo-nos a ignorar que o doente, mesmo quando é capaz de relações semelhantes às que antes podia ter, pode chegar a essas reações por caminhos completamente diferentes.
Essas reações aparentemente equivalentes às reações normais anteriores não são resíduos do comportamento normal anterior, não são o resultado de uma redução ou de uma diminuição, não são o aspecto normal da vida menos alguma coisa que foi destruída, SÃO reações que jamais se apresentam no indivíduo normal sob a mesma forma e nas mesmas condições.
Os sintomas patológicos são a expressão do fato de as relações entre organismo e meio, que correspondem à norma, terem sido transformadas pela transformação do organismo, e pelo de muitas coisas que eram normais para o organismo normal, não o serem mais para o organismo modificado.
A doença é o abalo e ameaça à existência.Por conseguinte, a definição de doença exige, como ponto de partida, a noção de ser individual.
DOENÇA x SAÚDE
O homem sadio não foge diante dos problemas causados pelas alterações - às vezes súbitas - de seus hábitos, mesmo em termos fisiológicos; ele mede sia saúde pela capacidade de superar as crises orgânicas para instaurar uma nova ordem.
O homem só se sente em boa saúde - o que é, precisamente a saúde - quando se sente mais do que normal, isto é, não apenas adaptado ao meio e às suas exigências, mas, também, normativo, capaz de seguir novas normas de vida.
Cada doença reduz o poder de enfrentar as outras, gasta o seguro biológico inicial sem o qual não haveria nem mesmo vida.
A saúde é uma maneira de abordar a existência com uma sensação não apenas de possuidor, mas também, se necessário, de criador de valor, instaurador de normas vitais.
Daí a sedução que a imagem do atleta exerce ainda hoje sobre nossas mentes, sedução esta da qual o gosto atual por um esporte racionalizado nos parece aflitiva caricatura.
A característica da doença consiste em uma redução da margem de tolerância às infidelidades do meio.
Essa Redução consiste em só poder viver em meios diferentes,e não apenas em alguns lugares do antigo meio.
Distinção de anomalia e estado patológico.
É sempre o indivíduo que devemos tomar como ponto de referência
A fronteira entre o normal e o patológico é imprecisa para diversos indivíduos considerados simultaneamente, mas é perfeitamente precisa para um único e mesmo indivíduo considerado sucessivamente.
O indivíduo é que avalia essa transformação porque é ele que sofre suas consequências, no próprio momento em que se sente incapaz de realizar as tarefas que a nova situação lhe impõe.
Atribui-se, em suma, ao próprio ser vivo, considerado em sua polaridade dinâmica a responsabilidade de distinguir o ponto em que começa a doença.
O doente só pode admitir uma norma. Como já dissemos muitas vezes, o doente não é anormal por ausência de norma, e sim por incapacidade de ser normativo
Weiss e Warter trazem uma confirmação que certamente não esperavam, para as idéias de Goldstein sobre a cura, mostrando uma reconstituição funcional, satisfatória para o doente e também para seu médico, pode ser obtida sem restitutio ad integrum na ordem anatômica teoricamente correspondente.
"Ser sadio, diz Goldstein, é ser capaz de se comportar ordenadamente, e isso pode ocorrer apesar da impossibilidade de certas realizações que antes eram possíveis."
O doente deve sempre ser julgado em relação com a situação à qual ele reage e com os instrumentos de ação que o meio próprio lhe oferece - a língua, no caso dos distúrbios de linguagem. Não há distúrbio patológico em si, o anormal só pode ser apreciado em uma relação.
EX: Caso do pai do aluno que passou mal e foi julgado por seu desespero sem que se soubesse quem era.
A Doença é, ao mesmo tempo, privação e reformulação.
ESBOÇO E DEFINIÇÃO DE SAÚDE
A vida não é, para o ser vivo, uma dedução monótona, um movimento retilíneo; ela ignora a rigidez geométrica, ela é debate ou explicação com um meio em que há fugas, vazios, esquivamentos e resistências inesperadas.
Sua infidelidade [do meio] é exatamente seu devir, sua história.
O que caracteriza saúde é a possibilidade de ultrapassar a norma que define o normal momentâneo, a possibilidade de tolerar infrações à norma habitual e de instituir normas novas em situações novas
A saúde é uma margem de tolerância às infidelidades do meio. Porém não será absurdo falar em infidelidade do meio? Isso ainda é admissível quanto ao meio social humano, em que as instituições são, no fundo, precárias; as convenções, retocáveis. as modas, efêmeras como relâmpago.
Achamos que a vida de qualquer ser vivo, mesmo que seja uma ameba, não reconhece as categorias de saúde e doença a não ser no plano da experiência
A saúde é um conjunto de seguranças e seguros: seguranças no presente e seguros para prevenir o futuro. A saúde é um guia regulador das possibilidades de reação. A vida está, habitualmente, aquém de suas possibilidades, porém, se necessário, mostra-se superior à sua capacidade presumida.
HANNAH OLIVEIRA DRUMMOND
316139015
PSI NOITE 8º P