A CULTURA POPULAR E O GROTESCO: UMA ESTÉTICA DO DISFORME

CULTURA POPULAR

Aprofundamento do Hiato entre Patrícios e Plebeus

Costumes populares considerados como estranhos hábitos rudes

Surgimento do Folclore

Observação das camadas superiores sobre os estranhos hábitos das camadas desfavoráveis

Resíduo do passado

Inferioridade

O pitoresco diante do progresso

Perde-se a noção de costume como ambiência, "mentalité"

Reforço dos costumes populares através da pressão popular

Costume era o que conhecemos como cultura e apresentava afinidades com o direito consuetudinário (dos costumes)

Determinados costumes plebeus perdem o endosso dos ofícios, possibilitando a dissociação

Cultura popular Rebelde como defesa dos costumes

Resistência a cultura oficial, agindo em defesa dos costumes

Cultura Popular do Renascimento

Cultura cômica popular

Manifestações do riso que se opunham a séria cultura oficial, religiosa e feudal

Festas, ritos e cultos cômicos, bufões e tolos, gigantes, anôes..

Ofereciam uma visão de mundo diferente da oficial. Dualidade do mundo

O estabelecimento do regime de classe impõe as formas cômicas o caráter de não oficial, possibilitando ser a expressão da sensação popular do mundo

Relação direta com a visão de Thompson

A liberdade é a lei do carnaval

Possui um elo exterior com as festas religiosas

Relação com a discussão de religiosidade popular

A festa oficial reforça a desigualdade

Provoca o contato livre e familiar

Constrói um tipo especial de comunicação, como um reservatório de expressões verbais proibidas e eliminadas da comunicação oficial

Realismo Grotesco

Princípio material e corporal da vida prática

O povo é o porta voz

Corpo popular, coletivo e genérico

Rebaixamento ao plano material e corporal de tudo que é elevado, espiritual ideal e abstrato

Diferença das imagens grotescas das imagens da vida cotidiana

disformes, monstruosas e horrendas se consideradas do ponto de vista da estética clássica

O corpo grotesco confunde animais e coisas

Grotesco do Romantismo

Ressurreição do Grotesco diante da degeneração do conceito

Grotesco subjetivo e indivdual

Reação ao racionalismo, autoritarismo e lógica formal

Influência do teatro popular e artistas de feira

Ironia e sarcasmo reduzem o papel do riso cômico

A loucura adquire tons sombrios de isolamento

A máscara revela a essência profunda do grotesco

A estética do grotesco é a estética do disforme

O realismo do realismo grotesco é o que diferencia o grotesco medieval dos outros

Grotesco do Século XX

Renascimento do Grotesco

Grotesco Modernista

Retoma as tradições do grotesco romântico

Grotesco Realista

Retoma as tradições do realismo grotesco e cultura popular

UNIVERSO GROTESCO

Origem do vocábulo ligado a descoberta de gravuras no século XV

Reverso da Ordem

Turbulências de desordem

Como acontecia com os bacanais, festas dos doidos e as pantomimas

Baralha, inverte e fustiga as hierarquias

Mas não é uma transformação da sociedade

ordem dá espaço a desordem

A relação do rei com o bobo da corte

Sujeitos hiperbólicos, exorbitantes e disformes

Imperfeição

Movimento

Desequilíbrio

Corpos incompletos, mutilados e disformes

Fim das oposições

Corpo Grotesco

Relação com Bakhtin

Intercambiar realidades

Monstro com cabeça humana ou contrário

O corpo organiza-se, é desmontável, ganha autonomia

Relíquias, ex-votos, cirurgias plásticas

Partes recombináveis

minotauro, ciborg

intercoporalidade

Antítese do clássico

Ausência de racionalização

Grotesco como categoria estética

Origens do grotesco

Na renascença como algo lúdico e alegre, assim como sinistro e angustiante

Híbrido entre o animalesco e o humano

Monstruoso, desordenado e desproporcional

A partir do século XVII

Provoca um sorriso despreocupado

Perde traços de terribilidade

Esterilização do conceito

Igualá-lo ao burlesco

Igualá-lo ao cômico

Contrário de Bakhtin

A partir do século XVIII

Aparecimento da caricatura

Disforme, desproporcional

Grotesco no Romantismo

Em Schlegel

Heterogêneo

confusão

fantástico

Estranhamento do mundo

Falta o insondável, abismal e o horror

Aparece a tragicomédia

Em Victor Hugo

Relação com a comédia e o disforme

Mas não se encerra nessa relação. Aproxima-se do feio

O sublime é o polo oposto ao grotesco

Em Edgar Allan Poe

Mundo fora dos eixos

fantasticamente bizarro

Estranhamento do mundo tal qual Bosch e Goya

Grotesco no Século XIX

Aparecimento do Arabesco

Arte ornamental de desfiguração de plantas e homens

o grotesco fundido ao arabesco é tomado como depreciativo

Três características: deformação do natural e humano, o desordenado, e a desmedida

Em Vischer

Grotesco é o cômico na forma do maravilhoso

Crítica de Kayser pelo termo ser vago e impreciso

Contrário de Bakhtin

O realismo colocava o grotesco como uma continuação atenuada das formas de plasmação do romantismo

Características elementares

Corresponde ao processo, a obra e a recepção

Animais preferidos: serpentes, corujas, sapos, aranhas. O morcego é o mais emblemático

Grotesco torna algo estranho, um mundo alheado

o repentino e a surpresa

Tensões ameaçadoras. Mexe com a segurança

abolição da estática, distorções, perda de identidade

grotesco fantástico e satírico são duas representações em voga

satírico com máscaras, o humor, o riso e a amargura e o ridículo

Religiosidade Popular

Dimensão do Universo Religioso

Catolicismo oficial

Catolicismo popular

Manifestações populares como práticas mágicas e supersticiosas

Práticas religiosas produzidas pelas classes subalternas

Práticas de devoção em torno do santo

Sistema de reciprocidade entre o santo e o romeiro

Leigos ou festeiros coordenam festas do padroeiro, romarias, peregrinações ou celebrações

Apesar de muitos movimentos religiosos, as manifestações católicas são características da religiosidade popular

Romanização

Uniformizar a religiosidade popular

Condenação a dança, a bebida e os jogos

Exclusão das novenas , Romarias e Procissões

Com a república, buscou harmonizar as práticas populares

fortalecimento das paróquias

Ingerência nas festas populares

Sincretismo é parte da difusão do catolicismo popular

A dissociação entre cultura popular e cultura erudita na raiz da dicotomização entre religiosidade popular e religiosidade erudita

Aparecimento do ultramontanismo no século XIX. Modelo conservador, anticientífico.

Pautado na onipotência da igreja de Roma

Ancorado no pensamento Aristotélico-tomista

Os que não fossem ultramontanos eram considerados ovelhas desgarradas.

Condena práticas anteriores coordenadas por leigos e que não tinha rigor teológico.

Campanha de transformação nas formas de piedade e devoção

O sacerdote se tornava central

Leigos foram retirados das funções administrativas

Esforço romanizador de purificar o catolicismo dos seus aspectos populares

Condenação dos excessos das festas

Festas, procissões, folias e foliões foram devassadas, vigiadas e normatizadas

Os tambores das festas dos congos foram obrigados a sair dos templos e se abrigaram nos terreiros.

Mas a religiosidade popular se adaptou aos novos tempos

Não foi uma luta de afirmação passiva

Centrado nos santos

o devoto entendia a imagem como santo presente

Dirigido por leigos

Identidade católica mantida pela visita anual dos padres, santas missões e pelas movimentações do catolicismo popular

procissões, novenas, promessas, imagens, batismos domésticos. Tudo relacionado a veneração do santo

A reza era mais importante que a missa e o santo mais importante que o padre

Implantado entre 1860 e 1870 no concílio de trento para combater o protestantismo

centralizar as manifestações nas missas e no poder do papa

Outras Características: piedade popular substituída pela piedade europeia, fim das danças, entendimento que as devoções populares eram fanatismo e superstição e substituição dos santos populares por aqueles que pregavam obediência

Três momentos ocorreram: conflito, acomodação e combinação

A religiosidade popular deu margem ao aparecimento de Canudos, Contestado, Juazeiro e caldeirão

O sincretismo é um exemplo do processo de combinação

Ex Votos

Expressão máxima da religiosidade popular

Relação de intimidade entre o devoto e o santo

Resulta na promessa enquanto negociação de uma dádiva antes da obtenção da graça

Recebida a graça, o devoto realiza o ex-voto como combinado com o santo

Testemunho da força milagreira da divindade

Traduz o prestígio pessoal do eleito, pois teve o pedido atendido

Troca simbólica entre o humano e o divino

Só é possível por causa de uma característica particular do catolicismo popular: a piedade

O ex-voto sobrevive a romanização, o iluminismo e a secularização

Durante a romanização se mantiveram em função do seu prestígio

Processo se dá em três fases: realização do voto, manifestação do milagre e o pagamento da promessa

O devoto popular entende a terra como a reprodução da vida celeste. A cura se dá pelo trabalho conjunto entre o médico e o santo

Relação com o rebaixamento em Bakhtin

O devoto popular entende que o corpo é frágil. Por isso a necessidade de santos que cuidem de regiões do corpo

Entendimento que o corpo esculpido torna-se sagrado pela fé

o ex-voto funciona como projeção do corpo do fiel

sacrifício de entrega do corpo curado ao santo

Objetos bi ou tridimensionais depositados em templos após a graça ou pedido alcançado

Existem padrões de ex-voto para cada região

vai dos pictóricos e escultóricos (tradicionais), aos computadores, objetos fálicos

o ex-voto manifesta situação das regiões, famílias, indivíduos

São quatro categorias: antropomorfos, zoomorfos, simples e especiais ou representativos de valor

Manifestação da religiosidade popular

o que antes era voto, após a obtenção da graça e pagamento da promessa, com a entrega, transforma-se em ex-voto

Não é exclusiiadade da religiosidade popular. Existe em diversos lugares do mundo e em momentos históricos diferentes

Interesse em ex-votos artesanais.

Na pintura, o ex-voto é pintado no alto do quadro com descrição

Possuem valor artístico pelo caráter único e exclusivo

Testemunhos colocados em salas de milagres de santuários católicos com o intuito de pagar a graça alcançada

Assume caráter festivo e popular

Tradições populares ganham maior expressividade com os ex-votos

Publicização do milagre

paga-se o compromisso da natureza contratual com o santo

Quanto mais ex-votos, mais fama tem o santo

o indivíduo se legitima pelo sagrado, sem mediações eclesiásticas.

Relação direta entre o devoto e o santo

Demonstra as peculiaridades da região