Outra via de objetivação da Geografia Pragmática vem da teoria dos sistemas; daí ser chamada Geografia Sistêmica ou Modelística. [...] Os modelos originaram-se basicamente na Economia, aparecendo, por exemplo, na explicação da organização da agricultura, da formação das redes de cidades, ou da localização industrial. No primeiro caso, pode-se lembrar o modelo de von Thünen, que concebeu uma teoria explicando a localização da produção agrícola, em função da distância do mercado: construiu um modelo de círculos concêntricos, tendo por centro uma cidade; no primeiro círculo, ao redor desta, localizar-se-iam os produtos hortifrutigranjeiros (os mais perecíveis); num segundo, a agricultura de grãos de abastecimento; no terceiro, a criação etc. No segundo caso, pode-se pensar na teoria da centralidade, de Christraller: este autor visava explicar a hierarquia das cidades, com relação ao poder de atração exercido por uma metrópole, em virtude do equipamento nela existente. No terceiro caso, pode-se pensar num modelo, como o de Estal e Buchanan, onde a localização de uma indústria é explicável por um equilíbrio entre o mercado consumidor, o mercado de mão-de-obra e as reservas de matérias-primas. Estes modelos expressariam um grande nível de generalidade, sendo válidos para qualquer ponto da superfície terrestre. O modelo apóia-se na idéia de que os fenômenos, na realidade, se manifestaram como sistemas: relações de partes articuladas por fluxos. O modelo tentaria expressar a estrutura do sistema, em Geografia o “geossistema”, ou o “ecossistema”, os “sistemas de cidades”, ou a organização regional como “subsistema do sistema nacional”.
A Geografia Quantitativa, o uso dos modelos e da teoria dos sistemas articulam-se numa proposta que, no Brasil, se desenvolveu sob a denominação de Geografia Teorética, má tradução do termo inglês “theoretical” (teórica), que nominava esta perspectiva genérica e explicativa do pensamento geográfico. Tal perspectiva constitui-se na espinha dorsal da renovação pragmática, aparecendo em inúmeras propostas específicas. Poder-se-ia lembrar a “teoria dos jogos”, vendo aação dos homens como fruto de opções, num rol de possibilidades dado pela natureza; ou ainda, a teoria da “difusão de inovações”, que busca explicar como a modernização penetra num dado meio social. Estas teorias, e aqui foram vistos apenas dois exemplos, elaboram-se com o uso do instrumental quantitativo, sistêmico e modelístico. São operações específicas da Geografia Pragmática. Do que foi apresentado, podes-se ter uma idéia geral desta perspectiva. O número de propostas, por ela desenvolvidas, é bastante elevado, seja pela via da Geografia Quantitativa, seja pela Sistêmica, seja ainda pela combinação destas duas em teorias singulares. p 38 e 39