O espírito social do homem (Simmel) na cidade inteligente (Picon)

Atitude Blasé

"Atitude de Reserva" protege a sanidade mental do individuo da velocidade e quantidade de estímulos na cidade grande.

Impessoalidade

Autoconservação

Círculos sociais

Para Simmel, a cidade grande é o LOCUS do sistema produtivo de trocas monetárias, no contexto em que foi escrito seu texto, é uma tecnologia social nova que teve implicações na vida cotidiana do espírito. Hoje percebemos uma nova tecnologia surgindo na cidade, que Picon traz em seu texto como um conjunto de soluções digitais para um novo ideal urbano.

"Viver em uma cidade significa aceitar suas fraquezas, ao mesmo tempo que constantemente se pensa em formas de mitigar seus efeitos mais desastrosos." PICON p.44

Picon: Reflexão sobre a cidade inteligente

A revolução industrial, pela mecanização do trabalho e das relações entre indivíduos na cidade, transforma além de suas reações individuais, suas relações com o outro, como observada na atitude Blasé.

Simmel: Compreensão das ações do homem da cidade grande pelo surgimento da atitude de reserva

Novo ideal urbano

Com a revolução tecnológica surge uma forma de despertar do caráter blasé e da solidão individual. Graças a experiência nas redes sociais e a velocidade do eventos, há uma busca do indivíduo por cada vez mais estímulos e conteúdos pouco ou nada absorvíveis. Assim, como uma sociedade que nasceu com esse comportamento internalizado, ao nos depararmos em uma situação que não impõe esses estímulos, buscamos a "fuga", então essa atitude de reserva que surge para preservar a sanidade mental do indivíduo pode se acentuar, se tornando uma ferramenta de sobrevivência.

Extravagância

A necessidade de se fazer notar e a necessidade de se distinguir dentro do círculo social, descrita por Simmel como Extravagância encontra na tecnologia espaço para se tornar algo característico dessa nossa sociedade.

Com a tecnologia, a reserva da vida privada dos indivíduos na cidade grande se transforma em uma crescente necessidade de validação. Nessa sociedade da "hipervisibilidade" as vidas dos indivíduos estão expostas nas redes, facilitando a manipulação e tornando-os dependentes da tecnologia, causando também a perda da noção de vivência e espacial da cidade.

periferia - centro na cidade inteligente como uma reinvenção nessa relação cidade pequena - grande

. A relação do indivíduo com a cidade e com seu círculo social se desenvolve para o que Picon chama de uma moderna versão do Panóptico de Benthan e do panoptismo de Foucault em uma ambiguidade do discurso político e social. O controle então não se dá mais sob dispositivos físicos, mas por softwares, aplicativos e redes sociais, os indivíduos permitem a intrusão em suas vidas privadas e nós mesmos nos vigiamos, contribuindo com a biopolítica (política de antecipação e análise de riscos), e aos mecanismos de exclusão social.

Cidade do espetáculo e grandes "eventos"

Tanto Simmel quanto Picon discutem, dentro do contexto da cidade grande, as relações entre os indivíduos, dentro dos círculos sociais, com a cidade. Enquanto que em 1903 Simmel está analisando as reformas modernizantes nas cidades do século XX e levantando os efeitos da modernidade no indivíduo (relacionando a cidade grande e pequena), Picon vai fazer essa análise a partir da revolução digital, que gera uma nova camada de subjetividade e um novo sistema de controle.

Anonimato na cidade grande de Simmel se incorpora na nossa vivência e se mostra nesses territórios virtuais. Como manter esse anonimato quando nossos dados estão disponíveis o tempo todo?

Sociedade da vigilância

A cidade inteligente apresenta ambiguidades no discurso político e social tanto dos tomadores de opinião quanto do público, no sentido da vigilância. Como uma versão moderna do Panóptico "em que a maior parte da vigilância era realizada pelos próprios internos", esse dispositivo é aceito pela parcela da população digital, o que não quer dizer que e benéfico.

Individualismo

Mudança de sistema produtivo em rupturas de relações sociais.

A cidade inteligente se baseia no controle de eventos prometendo resolver os problemas das contradições sociais.

Cidade em rede - controle de fluxos Nova tecnologia social - troca monetária

Cidade inteligente - controle de eventos Nova tecnologia social - componente de tecnologias de informação e comunicação

Que individualidade podemos ter na sociedade da vigilância? O indivíduo na cidade grande é livre mas é também solitário, segundo Simmel a associação em grupos gera indivíduos isolados entre si que entram em conflito.

Processos de impessoalidade e segregação acelerados com a Pandemia

A cidade inteligente pode funcionar, mas impõe além de seus pontos positivos, os negativos. Assim é importante levar em consideração os contextos políticos e sociais em que ela está inserida e prever como essa cidade vai ser acionada. e qual população vai se apropriar de seus conceitos.

A era da cidade em rede já não era igualitária, a cidade grande moderna se alimenta quase que completamente para o mercado, de forma que o interesse entre produtor e freguês (ou entre as classes) ganha uma "objetividade impiedosa" segundo Simmel. Nesse sentido, Picon alerta que a internet tem se apropriado desse ideal de coabitação, sem reduzir a desigualdade.

O uso da tecnologia na pandemia acelera dentre vários processos, o de individualismo do homem moderno (que Simmel já observa em 1903). O cenário pandêmico atual, nesse processo alimentado pela necessidade de preservação individual, a mídia e as redes sociais tem papel fundamental para o isolamento, humanizando o individualismo, reforça a diminuição da interação entre os indivíduos e coloca o espaço público sob ameaça. Reforçando também o controle e segregação da população vulnerável na cidade, indivíduos já historicamente segregados pelo não acesso a tecnologia e pelas diferenças sociais.

Qual é a capacidade real desses instrumentos para mudar o sistema produtivo? Ou o quanto eles estão reforçando esse sistema?

A cidade inteligente é realmente democrática?

A reação da cidade a essa nova inteligência social depende do quão democrática a cidade é. Como o Estado incorpora essas questões no serviço à população e o quão problemático é a iniciativa privada interferindo nessa construção, por conta da próprio descaso do Estado. É importante questionar se de fato a cidade inteligente vai permitir que a gente observe uma cidade democrática e igualitária que dá mais formas de acesso a população na construção de um "comum", ou se ela está servindo para acirrar as desigualdades.

A organização dos indivíduos em pequenos grupos (denominados por Simmel de círculos socias) tentando fugir da atitude Blasé, experimenta dentro do grupo a liberdade, mas ainda assim com uma limitação de conduta. Esses núcleos espaciais e os espaços de encontro se reproduzem nas redes sociais.

Racionalização do tempo

Mecanização do trabalho e das relações humanas

Para conseguir atravessar esse momento é necessário experimentar ações de solidariedade na cidade, (o que o senso de comunidade presente na favela realiza a muito tempo mas que não se apresenta em outros lugares da cidade) para redistribuir serviços essenciais a partir de insurgências contra o modelo atual de produção e relação urbana.

Dificuldade de acesso à tecnologia, onde o centro tem mais vantagens que a periferia.

Sò uma mudança radical pode reestabeler a ordem social

A medidas rígidas de distanciamento social fazem se aproximar crises nos sistemas econômicos, radicaliza a segregação e desigualdade sociais a partir das relações tecnológicas, que fortalecem o modelo que reorganiza as relações sociais pelo consumo de signos e produtos. Sob a ótica capitalista, fundamentada no desenvolvimento do individualismo e da competitividade, e esse individualismo no mercado de consumo restabelece as esferas do privado