LIPEDEMA
Foi descrito pela primeira vez em 1940, pelo Dr. Edgar Van Nuys Allen, cirurgião cardiovascular notabilizado pelo teste de Allen, e pelo Dr. Edgar Alphonso Hines Jr.
Caracterizado como uma deposição anormal de gordura em glúteos e pernas bilateralmente que pode ser acompanhada por edema ortostático.
A fisiopatologia e a epidemiologia do lipedema são pouco compreendidas.
O diagnóstico de lipedema é clínico e tipicamente definido pela desproporção simétrica do acúmulo de gordura nas extremidades inferiores acompanhada por queixas de edema ortostático, frequentemente acompanhada por dor. Os pés são poupados desse aumento de tamanho, exceto no estágio avançado de lipolinfedema, quando o edema do pé ocorre secundariamente à insuficiência linfática.
O edema que poupa o pé é um sinal importante para distinguir o lipedema da obesidade comum.
Áreas afetadas pelo lipedema frequentemente apresentam hematomas, dor e aumento de sensibilidade acompanhados por queixas sistêmicas de fadiga, diminuição de condição física e força muscular.
Os sintomas frequentemente têm início durante a puberdade ou na faixa etária de adulto jovem, embora alguns pacientes possam iniciar os sintomas até mais tardiamente.
A progressão da doença pode ocorrer em momentos críticos de distúrbio hormonal, como a gravidez ou a menopausa.
Afeta quase que exclusivamente mulheres, embora tenha sido descrito também em homens. Cerca de 50% dos pacientes com lipedema também estão em sobrepeso ou são obesos, o que dificulta o diagnóstico, embora não o impeça, pois há distinções importantes entre os cuidados para os pacientes com obesidade comum e lipedema.
Diferentemente da obesidade comum, a gordura do lipedema é muito pouco influenciada pela dieta ou exercício.
Obesidade X Lipedema: o tratamento é diferente, e as intervenções específicas para o lipedema são importantes no manejo da condição e prevenção da progressão da doença.
O sinal típico de lipedema é classicamente descrito como as “pernas em tronco de árvore” ou de “elefante” que pioram com a progressão da doença
O fato de os pés serem poupados causa uma variação abrupta perceptível na altura do tornozelo entre as pernas alagadas e os pés com aparência normal, principalmente nas fases mais avançadas. Esta característica é conhecida como sinal do coxim gorduroso, “efeito bracelete” ou sinal do manguito.
Queixa comum é o inchaço dos membros que piora com a ortostase e o clima quente.
As áreas acometidas na pele são normalmente macias e não apresentam descoloração ou mudança de cor. Além disso, esse edema não mostra o típico sinal de Godet ou tem uma depressão muito discreta
Muitas vezes citado como síndrome da gordura dolorosa, devido ao seu aumento de sensibilidade, dor e incômodo que muitos pacientes sentem ao aplicar a pressão nas extremidades afetadas.
Outros sintomas clínicos frequentes são a dor e a fácil formação de equimoses. Essa fragilidade capilar, com formação de hematomas e equimoses ocorre de forma aleatória, sem um padrão definido.
CLASSIFICAÇÃO SEGUNDO A GRAVIDADE: Do estágio I ao IV
• Estágio I: pele normal com um alargamento da hipoderme.
• Estágio II: desnivelamento da textura da pele com pregas de gordura e grandes montes de tecido crescendo como massas não encapsuladas.
• Estágio III: endurecimento e espessamento do subcutâneo com os nódulos grandes e protrusão de coxins/acúmulos de gordura, especialmente nas coxas e em volta dos joelhos.
• Estágio IV: lipedema com linfedema, o chamado lipolinfedema.
CLASSIFICAÇÃO SEGUNDO A DISTRIBUIÇÃO:
Tipo I: pelve, glúteos e quadril.
Tipo II: glúteos até os joelhos, com coxim gorduroso dobrado em volta da parte de dentro do joelho.
Tipo III: glúteos até tornozelos.
Tipo IV: braços.
Tipo V: perna inferior.
hipotermia da pele
Sinal de Stemmer negativo
Com a progressão da doença, as pacientes podem apresentar o Stemmer positivo quando tiverem uma combinação de lipedema com linfedema, conhecido como lipolinfedema.
Alguns exames de imagem podem auxiliar na diferenciação do lipedema de outras condições.
Outras condições médicas que podem causar edema na extremidade e podem ser consideradas como diagnóstico diferencial:
• insuficiência cardíaca congestiva,
• uso de medicações.
• mixedema,
• insuficiência hepática ou renal
Não existe atualmente uma cura para o lipedema, mas existem várias opções e estratégias de tratamento.
O tratamento consiste em 5 terapias principais, que devem ser combinadas para minimizar os sintomas clínicos:
• terapia física complexa, que consiste na drenagem linfática manual, terapia compressiva, exercícios e cuidados da pele;
• dieta e atividade física;
• tratamento cirúrgico com a lipoaspiração tumescente e cirurgia plástica.
• suporte psicológico e emocional, quando necessário.
• suplementação e medicação sintomática.
O tratamento conservador do lipedema serve para controlar o edema secundário, enquanto o tratamento cirúrgico é aceito para diminuir o tecido adiposo anormal. Os objetivos do tratamento são:
• aliviar os sintomas, melhorando a qualidade de vida;
• diminuir a progressão da doença;
• prevenir complicações, incluindo o desenvolvimento do lipolinfedema.