Uma criança, cuja dieta não fornece as quantidades recomendadas de vitaminas e minerais essenciais, pode desenvolver carência nutricional específica. A criança talvez não receba quantidades suficientes recomendadas de certas vitaminas (como a vitamina A) ou minerais (como o ferro). A hipovitaminose A, ou deficiência de vitamina A, acontece com frequência na Região Nordeste, muito embora tenha sido relatada em algumas regiões do Sudeste e do Norte. A vitamina A é uma substância essencial para proteger a saúde e a visão. Ajuda a combater as infecções oculares e na reparação das camadas das células que cobrem os pulmões, intestinos, garganta etc. Também ajuda o sistema imunológico a prevenir infecções. A falta de consumo de alimentos que contêm vitamina A pode levar à deficiência dessa vitamina, com o risco de desenvolver doenças como pneumonia e diarreia, podendo até evoluir para estados mais graves e, consequentemente, para a morte. As formas mais graves de hipovitaminose A levam a alterações oculares com risco de cegueira (xeroftalmia e ceratomalácea). As lesões oculares desenvolvem-se insidiosamente e têm como manifestações primárias: a cegueira noturna, secura (xerose) de conjuntiva e/ou de córnea, mancha de Bitot, seguida de ulcerações (ceratomalácea). Como sintomas secundários, pode-se encontrar: cegueira e cicatrizes córneas. Por esse motivo, uma dose alta de vitamina A deve ser ofertada a todas as crianças desnutridas no primeiro dia da internação, a menos que se saiba que uma dose de vitamina A tenha sido feita no mês anterior. A instalação da deficiência de ferro ocorre de maneira gradual. Os sinais e sintomas surgem lentamente, guardando relação com os estágios de depleção de ferro corporal. De um modo geral, quando as primeiras manifestações surgem, a anemia já é moderada. Os sinais e sintomas mais frequentes encontrados nas crianças são: palidez cutaneomucosa, anorexia, apatia, irritabilidade, perversão do apetite, redução da capacidade de atenção, dispneia aos esforços, além do prejuízo do desenvolvimento físico e maior susceptibilidade para as infecções respiratórias e gastrointestinais. A anemia ferropriva é a carência nutricional de maior prevalência na infância, mas felizmente fácil de ser prevenida. Anemia ferropriva e deficiência de ferro muitas vezes são utilizadas como sinônimos, porém a anemia representa a forma mais grave desta carência. As quantidades extremamente pobres de ferro em muitas dietas, a capacidade limitada do organismo em absorver o ferro dietético, a necessidade de ferro para o crescimento, a alta incidência de infestações por parasitas como ancilóstomos e tricocéfalos e a malária tornam as crianças um grupo especialmente vulnerável à carência de ferro. A malária pode causar destruição rápida dos glóbulos vermelhos. As crianças nas áreas endêmicas podem desenvolver anemia se apresentarem episódios reiterados de malária, ou se a malária for tratada de maneira inadequada. Frequentemente, a anemia nessas crianças deve-se à desnutrição e à malária. Embora a deficiência de ferro atinja todas as classes socioeconômicas e grupos culturais, as crianças de famílias de baixa renda apresentam essa deficiência com mais frequência, e aproximadamente a metade destas apresenta anemia. Outros grupos de alto risco incluem as crianças com desnutrição intrauterina, as prematuras, as de baixo peso ao nascer, as precocemente desmamadas e sem suplementação de ferro, as desnutridas e as que apresentam infecções frequentes. Durante o período gestacional, o feto recebe do organismo materno quantidade de ferro relativamente constante, que é estocado no fígado, principalmente no último trimestre da gestação.
Esta reserva e a oferta proveniente do leite materno garantirão aporte suficiente para os recém-nascidos a termo até os 6 meses de idade. As crianças apresentam maior risco de deficiência de ferro entre 9 e 18 meses de idade, um período de crescimento rápido, quando os estoques de ferro estão reduzidos e a ingestão de ferro na dieta é frequentemente inadequada. Esta também é uma fase de crescimento rápido do cérebro, desenvolvimento de conexões neuronais e realização de importantes passos do desenvolvimento.