Por incidirem em mulheres na segunda e terceira décadas de vida, a mamografia não está indicada. Isso porque o fibroadenoma apresenta a mesma textura radiológica do tecido mamário normal, que é exuberante nesta idade. Em faixas etárias mais elevadas, quando se indica a mamografia, apresenta-se como imagem nodular circunscrita, ovalada, de média densidade e eventualmente com calcificações grosseiras, com aspecto de “pipoca”, aspecto que tipifica o achado mamográfico como BIRADS 2. A punção aspirativa com agulha fina é método diagnóstico importante, pois trata-se de uma das poucas lesões benignas da mama que está associada a diagnóstico citológico específi co. Observam-se nos esfregaços, grupos celulares epiteliais em dedo de luva, formando agrupamentos arborescentes e numerosos núcleos desnudos, muitas células ductais coesas em monocamadas e fragmentos de células estromais. A citologia, considerada isoladamente, tem valor elevado (70 a 90%). Já o tríplice diagnóstico (clínica, imagem e citologia) tem sensibilidade de 99,6%, com chance de falso negativo menor que 1%, que aumenta em mulheres com mais de 35 anos. A punção aspirativa com agulha fina está especialmente indicada em faixas etárias mais elevadas ou quando se adota conduta expectante (não cirúrgica). Além da forma clássica, o fibroadenoma pode se apresentar, mais raramente, nas formas juvenil, gigante, complexa e extramamária (localizações na bexiga, próstata, braço e pálpebra já foram descritos). Alguns estudos indicam o fibroadenoma como fator de risco para o desenvolvimento do carcinoma mamário, principalmente o fibroadenoma complexo, que é conceituado como aquele que possui alterações císticas, papilares, adenose esclerosante ou calcificações epiteliais no seu interior. Do ponto de vista etiopatogênico, acredita-se que o fibroadenoma seja originado do lóbulo mamário apresentando estreita dependência hormonal, aumentando na lactação e regredindo na pós-menopausa, e não sofrendo transformação maligna. Apesar da sua estrogênio dependência, não responde a terapêutica hormonal. Os anticoncepcionais hormonais orais podem ser empregados, descrevendo- -se inclusive efeito protetor com diminuição do risco relativo de aparecimento desta afecção. O diagnóstico diferencial é feito com os pseudonódulos das alterações funcionais benignas, com o cisto mamário e com o carcinoma circunscrito. O cisto mamário em geral apresenta início súbito e dor, em mulheres com idade mais elevada. O termo carcinoma circunscrito é clínico e diz respeito a alguns tipos histológicos especiais (como o carcinoma mucinoso ou o medular), que apresentam comportamento biológico pouco infiltrativo, simulando no exame clínico e de imagem e o fibroadenoma. Além disto, a faixa etária é maior e a punção aspirativa com agulha fina ou grossa fecha o diagnóstico. A indicação cirúrgica é baseada na idade da paciente e nas dimensões do nódulo. O tratamento é cirúrgico em tumores com diâmetros maiores que 2 cm e consiste na exérese simples. O objetivo principal é evitar deformidade futura, pois embora o crescimento do fibroadenoma seja lento, é progressivo. Neste sentido, o nódulo é abordado por incisões estéticas segundo as linhas de força da mama, dando-se preferência às periareolares ou no sulco inframamário. Quando os nódulos localizarem-se longe da aréola e se utilizar anestesia local, é melhor praticar incisão circumareolar sobre o nódulo, evitando tunelizações, que, além de produzirem dor, podem provocar hematomas. Em tumores menores, nas pacientes com menos de 25 anos, pode ser feito o acompanhamento clínico, com controle clínico e/ou ecográfico semestral, sendo indicada exérese nos casos de crescimento progressivo e ansiedade da paciente. Nos fibroadenomas múltiplos e pequenos, optamos, da mesma forma, pelo controle, evitando-se assim múltiplas incisões sobre o tegumento cutâneo. Já nas mulheres com mais de 35 anos, a conduta deverá ser sempre cirúrgica.
O rastreamento mamográfico vem detectando grande número de nódulos assintomáticos sugestivos de fibroadenomas. O diagnóstico mamográfico conclusivo só é feito em caso de macrocalcificações no interior da lesão (“calcificações em pipoca” – BI-RADS 2). Nos demais casos, a chance de malignidade é de 2%, devendo ser realizado acompanhamento destes nódulos, categorizados como BI-RADS 3. O seguimento pode ser precedido pela punção aspirativa com agulha fina e é realizado por 6, 12 e 24 meses, para confirmar a estabilidade da lesão. Após este período, preconiza-se a conduta expectante, independente da faixa etária.