O DESIGN CENTRADO NO HUMANO NA ATUAL PESQUISA BRASILEIRA - UMA ANALISE ATRAVES DAS PERSPECTIVAS DE KLAUS KRIPPENDORFF E DA IDEO

Autores do artigo

Bittencourt, João Paulo

Haddad Taralli, Cibele

Garófalo Chaves, Iana

Objetivo

Relacionar o discurso de design centrado no humano (DCH) apresentado na literatura de Klaus Krippendorff com os métodos propostos pela empresa IDEO, e analisar quais métodos e como esses métodos vem sendo utilizados na pesquisa em design no Brasil, através de artigos publicados nas duas ultimas edições do congresso P&D

Design Centrado no Humano

O que é ?

Raízes

Início na década de 50 quando os produtos começaram a passar uma ideia de identidade e se tornaram práticas sociais/símbolos

Origens científicas na ergonomia, ciências da computação e inteligência artificial

Metodologia, utilizada tanto no amito academico quanto comercial, que tem o foco no individuo, sujeito e/ou usuario de produto, servico ou processo tornando-os elementos chave para o projeto e seu desenvolvimento

Klaus Krippendorff

Graduado em:

  • Engenharia, pela State Engineering Scholl Hanover
  • Design, pela extinta escola de design de Ulm

Atualmente professor emérito de comunicação pela The Annenberg School for Communication, da University of Pennsylvannia, Estados Unidos

IDEO

Quem são ?

Pesquisa o DCH desde 1990

Empresa americana mundialmente conhecida por utilizar a metodologia
centrada no humano com seus clientes e difundir suas práticas através de várias publicações

Desenvolveram etapas de processos de estratégia do DCH

Entre sua produção sobre DCH, destaca-se o capítulo do livro: Propositions of human-centeredness: A philosophy for design. Além dele destaca-se o artigo: Design centrado no ser humano: uma necessidade cultural

2) Criar

3) Implementar

1) Ouvir

Entendimento das necessidades das pessoas, suas expectativas e aspirações para o futuro. Diz respeito a como abordar as pessoas em seus próprios contextos para entender os seus problemas

Processo intermediário de síntese e implementação. Parte mais abstrata quando se resolve transformar necessidades dos indivíduos em protótipos através de sessões de brainstorm

Fase desafiará a equipe a criar elementos necessários para que a solução tenha sucesso e monitorar o seu impacto

Estas duas produções foram publicadas no ano de 2000 e nelas Krippendorff apresenta 6 tópicos e os definem como sendo um discurso de DCH, sendo também considerados por ele como áreas com carência de desenvolvimento

1- Formas de narrar modos de vida imagináveis

Os designers devem alterar determinismos históricos, inventar futuros e fazer com que os
mesmos sejam possíveis. Precisam articular esse futuro com sua própria linguagem.

2- A capacidade de reenquadrar concepções do presente de modo a fazer com que o imaginável pareça realizável.

3- Uma retórica que estimule redes de stakeholders grandes o bastante pra fazer que o
design progrida.

O designer deve ter uma narrativa convincente a respeito de como o presente pode ser transformado em um futuro desejável, defendendo a possibilidade de realização de suas ideias e articulando seus objetivos com os stakeholders

O design é mais efetivo quando encrustado na comunidade que exige participação no futuro que ele realiza. Sendo assim devem ser ensinadas técnicas colaborativas de projeto, envolvendo os stakeholders como participantes ativos

4- Gerar conhecimento de segunda ordem

Os designers devem entender o que fazem e como outros percebem o que eles fazem. Ou seja, um entendimento do entendimento(entendimento de segunda ordem), um conhecimento que é capaz de considerar o conhecimento dos outros

5- Virtude e moral coletivas.

Os projetos dos designers devem atender a um número de stakeholders e não a população inteira já que também não é possível atender a todas as redes de stakeholders que emergem. Portanto, o designer deve ser encorajado a suspender os possíveis pensamentos finais e questionar seus próprios valores

Tem como presidente Tim Brown, autor de publicações que abordam o design thinking utilizando a metodologia do DCH

6 - Um discurso crítico e indisciplinado.

O design poder adotar e examinar conceitos de disciplinas mais estabelecidas, entretanto não deve utilizar os paradigmas dessas disciplinas de maneira acrítica. Na busca da legitimação do discurso em design, deve-se trabalhar com o foco no humano e não no objeto. O objetivo de um designer é a realização de futuro desejável, portanto a metodologia, linguagem e práticas desenvolvidas por esse profissional devem permitir a narrativa dessas possibilidades imaginadas por eles e aceitas pelos stakeholders

Integração Krippendorff x IDEO e a pesquisa acadêmica brasileira

Foi realizado um levantamento de artigos dos anais do Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design entre os anos de 2010 e 2012 com o intuito de selecionar amostras de pesquisa para análise

A etapa "Ouvir" foi contemplada em todos os artigos e é a que possui maior variedade de ferramentas empregadas. Sob um ponto de vista de Krippendorff, todos os autores em suas pesquisas buscaram um conhecimento de segunda ordem.

A etapa "implementar" foi a menos usada em relação aos métodos da IDEO. Apenas 2 artigos utilizam método do DCH para a resolução do projeto. Sob a lente de Krippendorff é observado um discurso de que se deve estimular os stakeholders. Itens como os de virtude e moral não forma vistos no artigo, assim como o item interface.

A etapa "criar" foi contemplada em todos os artigos. Sendo mais abstrata dentro da IDEO torna mais difícil a descrição de suas ferramentas, entretanto é possível averiguar que a maioria das ferramentas usadas foram as mais tradicionais. Sob a visão de Krippendorff pode-se observar que as ferramentas usadas propõem soluções que narram modos de vida imagináveis e realizáveis mas não foi possível perceber preocupações com o discurso crítico

Em 2007, Krippendorff escreveu o capítulo Semantic: Meanings and Contexts of Artifacts, do livro Product Experience


Nesse capítulo, ele sugere 4 pilares conceituais que sustentam uma abordagem do DCH

Comparando com os 6 tópicos apresentados em 2000 é possível observar que algum tópicos são semelhantes, alguns foram agrupados tornando-se um novo tópico, enquanto outros foram esquecidas

1- Entendimento de segunda ordem

Considerações finais

a etapa "ouvir" é a que apresenta mais ferramentas utilizadas pelos pesquisadores, sendo assim a fase mais desenvolvida da metodologia

3- Rede de stakeholders

2- Significados

4 - Interfaces

Semelhante ao tópico 4 da primeira definição do autor. O design é comprometido em projetar artefatos que vão ser utilizados por outros de maneira diferente. Sendo assim, o designer não pode utilizar conceitos universais, ele deve entender como determinado artefato será compreendido no contexto de quem entrar em contato com o mesmo

considerações finais

essa etapa apresentou mais ferramentas tradicionais e uma variação significativa

considerações finais

essa etapa foi a menos contemplada não tendo métodos de DCH referentes a ela. Isso demonstra que ainda é preciso um amadurecimento da pesquisa brasileira que utiliza o DCH

Projetar artefatos para outros possibilita que esse objeto venha a se apropriar de
significados para seu usuário, dentro das suas próprias concepções

Relacionado com os itens 2 e 3 na primeira classificação. O design não estará apenas relacionado aos interesses de quem irá utiliza-lo. Existem profissionais e pessoas que estão envolvidas e interessadas para que o design seja produzido, portanto a rede de informações e ações entre essas pessoas devem ser consideradas
para o design ser realizado

O design de interface para humanos deve ir além da forma e da sua decomposição em sequência de ações humanas e respostas de artefatos sensório-motoras que podem ser monitorizadas, compreendidas, e dirigidas para experiências desejáveis