Nas demais situações, de um modo geral, as vasculites sistêmicas necessitam a administração de terapêutica combinada, de corticosteroides com drogas citotóxicas, sendo mais freqüente o uso da ciclofosfamida. Tendo por exemplo a granulomatose de Wegener, na fase de indução do tratamento, quando a doença está na sua atividade máxima, pode-se administrar inicialmente a metil-prednisolona (15 mg/kg/dia) sob a forma de pulsos endovenosos durante três dias, seguindo-se o emprego de prednisona oral (1 mg/kg/dia) durante quatro a oito semanas, com redução progressiva da dose até sua retirada em quatro meses, uma vez ocorrida a remissão do quadro de vasculite. Concomitante com o início do corticoide, prescreve-se a ciclofosfamida oral (2mg/kg/dia) ou endovenosa, sob forma de pulsos cada três ou quatro semanas (0,75 g/m2 de área corporal). Tendo em vista o caráter altamente recidivante desta doença, recomenda-se tratamento de manutenção com imunossupressores, no mínimo por um período de 12 meses, após ser obtida a remissão. Nesta fase, deve-se optar pelo esquema mais eficiente e menos tóxico. As alternativas possíveis seriam: ciclofosfamida por via endovenosa mensal, clorambucil em dose baixa, azatioprina, metotrexate ou ciclosporina. A indicação de plasmaferese está reservada aos casos mais severos de insuficiência respiratória por alveolite hemorrágica. A utilização de gama-globulina endovenosa em altas doses (0,4 mg/kg) tem sido proposta nas situações de resistência ao esquema imunossupressor convencional, porém não existem estudos conclusivos sobre este procedimento. Com o objetivo de reduzir as recidivas das vasculites, desencadeadas por infecções do trato respiratório, recomenda-se a administração diária de doses baixas trimetoprim-sulfametoxazol, especialmente na granulomatose de Wegener e na poliangeite microscópica.
A monitorização clínica e laboratorial deve ser obrigatória e prolongada, no mínimo por dois a três anos. Os sintomas e sinais de recidivas costumam ser inespecíficos, sendo de fácil detecção: febre, artralgias e mialgias, cefaleia, lesões cutâneas. Outros sintomas, entretanto, são de identificação mais difícil, como aqueles relacionados a isquemia mesentérica, na poliarterite nodosa. Os testes laboratoriais mais utilizados são as chamadas reações de fase aguda do soro, destacando-se a velocidade de hemossedimentação e a proteína C reativa, ambos inespecíficos. Em pacientes com GW ou poliangeíte microscópica, a determinação seriada do ANCA pode auxiliar no seguimento, uma vez que sua negativação persistente geralmente coincide com remissões clínicas prolongadas, com baixa probabilidade de recidivas. Por outro lado, o ANCA pode persistir positivo em pacientes que estão em franca remissão e que não necessitam de tratamento imunossupressor. Nestes casos, o parâmetro mais importante será, evidentemente, a avaliação clínica criteriosa e constante.