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O TEMPO DO DESIGN PARTICIPATIVO, :, Alunos: Antonio Bruno, Filipe Costa,…
O TEMPO DO DESIGN PARTICIPATIVO
Objetivo
No presente artigo discorre-se sobre o tempo do Design Participativo e apresentam-se alguns elementos temporais a serem considerados no desenvolvimento dos projetos
O Tempo no Desenvolvimento de Projetos
De acordo com Dille e Söderlund (2011), o tempo é um elemento fundamental em um projeto, tanto no que concerne ao seu desenvolvimento quanto a sua análise
o termo "tempo" refere-se ao número de horas a disposição em um projeto, ao gerenciamento das atividades a serem desenvolvidas nelas (momento de execução, velocidade, ritmo, etc.) e à percepção disso possuída pelos diversos
atores envolvidos
Os dois autores apresentam diferentes razões subjacentes a esta importância
O mais comum critério de avaliação de um projeto e
das atividades desenvolvidas é o alcance de objetivos temporais, ou seja, sua realização em um intervalo de tempo preestabelecido
As atividades necessárias ao desenvolvimento de um projeto preveem que os participantes realizem ações que fogem de seus procedimentos de trabalho padronizados e que pedem, portanto, uma mútua adaptação e coordenação das rotinas recíprocas
Um projeto normalmente requer a intervenção de unidades organizacionais e operacionais contextuais, cada uma das quais tem seus próprios métodos e tempo de desenvolvimento das ações que na gestão do projeto devem ser coordenados globalmente, ou seja, devem ser estabelecidos alguns procedimentos e um “tempo global” do projeto
O tempo pode ser considerado como fenômeno objetivo ou como um fenômeno social (SABELIS, 2009)
No primeiro caso, é um elemento independente do
contexto e do projeto, imposto externamente e que pode ser dividido em intervalos e estruturado a partir dos objetivos estabelecidos. Entretanto, assim não é considerado
o contexto cultural onde o tempo está inserido, o qual desempenha um papel fundamental no influenciar e no definir os elementos temporais (LABIANCA et al., 2005)
Ao considerar o tempo como fenômeno social, um projeto torna-se o resultado das instituições que atuam nele, porque cada uma é caracterizada por seu próprio tempo
que, consequentemente, influencia o “tempo global” (DILLE e SÖDERLUND, 2011)
Cada ator de um projeto segue um conjunto de normas temporais determinadas a partir do ambiente institucional de pertencimento. Trata-se das regras que determinam o momento em que as atividades são realizadas, a sua velocidade e a percepção do tempo de um determinado ator (KROHWINKEL-KARLSSON, 2008)
Quando os atores que pertencem ao mesmo ambiente, compartilham regras e métodos de comportamento em nível temporal, seguem os mesmos processos burocráticos, têm prazos em comum e compartilham rotinas, é então facilitada uma homogeneização temporal dos processos conhecida como “isocronismo”
Esta situação é comum dentro de um mesmo ambiente, mas é muito rara em projetos que envolvem atores pertencentes a diferentes ambientes institucionais, ou seja, em
projetos interinstitucionais
De acordo com Dille e Söderlund (2011), nesta situação
aumentam as divergências, dificuldades e os desafios no nível de cooperação e colaboração entre os diferentes atores participantes. O projeto é mais complexo porque os atores envolvidos respondem a regulamentações, leis e dinâmicas diferentes e têm um histórico limitado de trabalho em conjunto (DILLE e SÖDERLUND, 2011)
Neste caso aumenta a complexidade a nível temporal e para o desenvolvimento de um projeto são necessários inúmeros esforços de integração e discussões sobre as regras a serem seguidas para promover uma situação de “alinhamento temporal”
Alinhamento das percepções de tempo e velocidade de ação dos diferentes atores e sincronizadas as atividades e as fases
Quando isso não acontece, verifica-se um “desalinhamento temporal”: uma situação onde as fases e a sua implementação diferem e geram problemas de sincronização e colaboração
Esta situação, se não gerenciada adequadamente, exerce um impacto negativo no projeto
Design e Inovação Social
o Design pode exercer um importante papel na resolução de questões sociais
a origem desse papel remete a década de 70, quando problemas sociais e ambientais fizeram os designers se questionarem mais
bottom-up
Participação das pessoas no processo e capacitação de um projeto, permitindo uma redistribuição de poder de decisão da sociedade. Vindo de um dialogo maior entre público, setor privado e ONG´s.
Em um cenário onde o usuário participa tão ativamente do processo de criação o papel e as ações do designer precisam ser repensadas
hoje, diversas empresas e designers tem focado nos impactos sociais do Design, tendo em foco a participação do usuário
Estudos de Caso
Seleção feita a partir de critérios de homogeneidade fundamental. Todos os designers apresentados trabalharam com metodologias participativas no desenvolvimento de projetos para melhorar as condições de vida de uma determinada população.
Ver-as-Ervas
Por Fernanda de Oliveira Martins juntamente coma Associação de Artesãs Ver-as-Ervas
A intervenção foi solicitada pelo SEBRAE para a criação de uma identidade visual através de metodologias participativas
Mulheres da Palha
Por Jeanine Torres Geammal juntamente com uma comunidade de mulheres artesãs que trabalham com a palha da carnaúba em Juazeiro do Norte, na região sul do estado do Ceará
projeto interdisciplinar desenvolvido por professores e alunos do curso de Design de Produtos, Comunicação Social/Jornalismo e administração da UFC e do curso de desenho industrial da UFRJ e financiado pelo Santander
o objetivo era melhorar o produto feito pelas artesãs para promover a organização e integração do grupo. Tudo foi feito através de experiências participativas objetivando aumentar os recursos sociais e econômicos desse grupo em uma troca de conhecimento entre estudantes e artesãs
Complexos de Favelas da Maré
Projeto foi desenvolvido pelos autores com o objetivo de compreender melhor as dinâmicas de desenvolvimento de um projeto de PD em área urbanas que sofrem por marginalização e de aprofundar o potencial do
Design de promover redes colaborativas locais e processos de cidadania ativa, ou seja processos de Inovação Social
Decidiu-se atuar em uma favela do Rio de Janeiro, o
Complexo de favelas da Maré, em colaboração com uma ONG local
Achou-se importante colaborar
com uma ONG local por três motivações:
porque isso permitiu o acesso e a ação em um território gerenciado pela criminalidade local
porque a organização tinha um amplo conhecimento do contexto e das suas regras, útil para guiar o designer nas suas ações, explorações iniciais e implementação do projeto
porque possuía uma infraestrutura útil ao desenvolvimento do projeto e era conhecida localmente
Ao longo do projeto emergiram muitos problemas de integração temporal entre os diferentes atores e discrepâncias entre os resultados expectados e alcançados
Objetivo
Foram aplicados métodos de criação participativos para renovar uma praça pública local que se encontrava em condição de degrado junto com a população
O objetivo de projeto foi selecionado junto com o próprio parceiro com o fim de envolver os moradores locais no redesign do lugar, de empoderá-los através do processo de Design e de promover atitudes democráticas
Ao longo de oito meses foram desenvolvidas três fases
principais:
integração no contexto e na organização parceira
seleção do objeto de projeto e definição das principais estratégias
realização de dois encontros para discutir e promover atividades co-criativas
O Complexo de favelas da Maré foi escolhido por ser uma área socialmente vulnerável, marginalizada e de conflito. As favelas cariocas sofrem por diferentes problemas sociais. Alguns dos mais preocupantes são a exclusão social, a ausência do Estado em fornecer os serviços básicos, a pobreza e a presença de situações cotidianas de violência e criminalidade (SOUSA E SILVA, 2004)
Design Aberto P2P
Por Samara Tanaka
Iniciativa semanal que acontece no
Complexo do Alemão, favela do Rio de Janeiro
usa as ferramentas e o processo
de Design para promover um maior ativismo da comunidade em relação à realização de seus próprios desejos e à satisfação de suas necessidades
feito por meio de
uma interação pessoal com as pessoas
Complexo Lins
explora como um designer pode promover a participação política das pessoas no que diz respeito à resolução das questões presentes em um território
Conclusões
Conclui-se que os projetos de Design baseados em abordagens participativas são, frequentemente, projetos de natureza interinstitucional, assim como foi verificado nos casos analisados
No caso do Complexo de favelas da Maré, por exemplo, havia três atores: o designer, a ONG e o contexto
O projeto das Mulheres da Palha, que envolvia um banco, as designers, o grupo de artesãs e os atores do contexto local
Os projetos realizados por
Martins, como visto, geralmente incluem: o designer, a comunidade artesanal e uma instituição
Os de Tanaka apresentam um designer, a população e, em alguns casos, uma instituição
A sincronização temporal das rotinas dos atores participantes e o estabelecimento de um tempo global que permita a realização das ações do projeto são tarefas complexas
Os casos evidenciaram tanto a elevada complexidade a nível
temporal quanto problemas ao nível de integração temporal das ações
Através dos dados coletados é possível identificar quatro
elementos que diferem do imaginado e atuado pelo designer e que necessariamente precisam ser considerados por ele no planejamento e implementação das próprias ações
O ritmo local
A pesquisa mostrou como o tempo que caracteriza a execução das ações de Design não coincide com o tempo do contexto
Todas essas ações exigem uma quantidade de tempo bem maior que a planejada pelos designers por causa do ritmo e das dinâmicas locais
O designer precisa entender e respeitar o tempo do lugar
O tempo da mudança
Ao agir no âmbito social os designers atualmente esperam promover um processo de inovação e mudança acelerado através de ações, sobretudo, pontuais
Neste caso ações pontuais como as oficinas não são suficientes e adequadas para gerar uma mudança real, nestas situações são prolongados os tempos de execução das ações e de mudança
A ação precisa ser estruturada não só a partir das normas e expectativas temporais do Design, mas considerando as normas temporais de evolução do contexto também
A velocidade de participação
abordagens de design co-criativas e participativas são otimistas no que diz respeito a livre e espontânea participação da população local. Devido a uma ausência de preparação dos não-designers surgem dúvidas e desmotivações que acabam a levar a uma certa evasão de participantes
tal evasão gera consequencias drásticas no tempo do projeto, uma vez que requer uma posterior preparação ddos participantes, preparação que poderia ocorrer de forma anterior ao começo do projeto
As normas temporais dos colaboradores
existe uma diferença de normas temporais entre designers e colaboradores, dificultando a colaboração e a efetivação do projeto
duas principais divergências
a duração dos projetos
que devido ao financiamento, geralmente são de longo prazo
regras temporais que governam as ações das ONGs
percepção do tempo local e das regras temporais que governam as dinâmicas desse contexto
:
Alunos: Antonio Bruno, Filipe Costa, Filipe Maia, Joseph Louis.