A ONG e o contexto, ou seja a população e todos - os elementos que influenciam suas dinâmicas e evoluções, pertenciam ao mesmo ambiente institucional; enquanto o designer chegava de um outro, regulado por percepções e normas temporais diferentes. Ao mesmo tempo, a ONG trazia consigo regras e dinâmicas de outros ambientes, como o dos financiadores. Uma situação parecida foi a do caso do projeto das Mulheres da Palha, que envolvia um banco, as designers, o grupo de artesãs e os atores do contexto local. Da mesma maneira, os projetos realizados por Martins, como visto, geralmente incluem: o designer, a comunidade artesanal e uma instituição; enquanto os de Tanaka apresentam um designer, a população e, em alguns casos, uma instituição.
Neste cenário emergiram algumas divergências temporais que podem dificultar o designer na realização de projetos de Design participativo: divergências entre as normas temporais do Design e as normas do contexto e sua evolução; entre a velocidade de ação do designer e a velocidade de participação da população; entre as normas temporais do Design e as normas temporais das instituições parceiras; entre as normas temporais do Design e o tempo necessário à inserção no contexto. Seu profundo entendimento através dos dados coletados permitiu identificar quatro elementos que diferem do imaginado e atuado pelo designer e que necessariamente precisam ser considerados por ele no planejamento e implementação das próprias ações. Trata-se: do ritmo local, do tempo da mudança, da velocidade de participação e das normas temporais dos colaboradores.