Bertha Becker:
Tecnologia: A geopolítica torna-se incompreensível sem a consideração da moldagem do planeta pelo vetor científico-tecnológico moderno, que gera mudanças na organização da produção e do trabalho. O valor econômico e estratégico de um território decorre da velocidade em passar à nova forma de produção, para o que o acesso às redes de informação é condição essencial, permitindo ao local se relacionar diretamente ao espaço transnacional. O mundo deixa de ser dividido entre o leste e o oeste e passa a ser dividido entre o rápido e o lento tecnológicos.
Logística: Tem como hipótese que a logística é a nova racionalidade que estabelece nexos à desordem global, gerando um espaço social e político constituído por um conjunto de ligações, conexões, comunicações, redes e circuitos.
Desenvolvimento Sustentável: Seus estudos também envolvem o conceito de "desenvolvimento sustentável" como proposta de cooperação internacional com base em nova relação sociedade-natureza e modelo logístico para ordenar o uso do território. A noção de sustentabilidade não se resume à harmonização da relação economia-ecologia, integra o aproveitamento máximo dos recursos e a possibilidade de reuso ao fim de sua vida útil. Baseia-se nos princípios da eficácia (produtividade), diferença (inovação) e descentralização (das tomadas de decisão)
Reestruturação do poder global: Os agentes tanto da lógica da acumulação e da lógica cultural, gerando novas territorialidades acima e abaixo da escala do Estado, introduzem ambiguidades quanto à sua permanência ou não como forma e quanto ao sistema de estados como estrutura básica da organização política. A globalização, conduzida pelos grandes bancos e corporações transnacionais, retira do Estado o controle sobre o conjunto do processo produtivo e afeta a integridade do território nacional e a autonomia do Estado, afetado igualmente por nacionalismos separatistas e movimentos sociais apoiados na afirmação da identidade e na tradição do lugar. Isso se reflete num questionamento da soberania tanto interna quanto externamente. Entretanto, isso não representaria o fim do Estado, mas uma mudança em sua natureza, entendendo-se que ele não é uma forma acabada, é um processo. O Estado, portanto, não é mais a única representação do político, nem a única escala de poder, mas certamente é uma delas, mantendo-se ainda, embora com novas formas e funções.