Malinowski vê no mito a justificação retrospectiva dos elementos fundamentais que constituem a cultura de um grupo. O mito, para ele, não é uma simples narrativa, nem uma forma de ciência, nem um aspecto da arte, nem uma narração explicativa. O mito, segundo ele, cumpre uma função sui generis intimamente ligada à natureza da tradição, à continuidade da cultura e à atitude humana em relação ao passado. A função do mito é, em resumo, reforçar a tradição e dar-lhe maior valor e prestígio, vinculando-a à mais elevada, melhor e mais sobrenatural realidade dos acontecimentos iniciais. Nesse sentido, o mito não se limita ao mundo ou à mentalidade dos primitivos e é indispensável a qualquer cultura. Cada mudança histórica cria sua mitologia, que, no entanto, tem relação indireta com o fato histórico.