Mas isso não se refere a todas as histórias de ficção científica. Por exemplo, eu assisti a um filme, há muito tempo de atrás, de um cineasta russo, chamado Solaris, que era um planeta onde, de repente, apareciam pessoas do nada — elas apareciam e depois desapareciam. Com o tempo, você vai vendo que o planeta é como se fosse um cérebro gigante que transforma em pessoas reais as pessoas que você imagina. Então, se o sujeito está pensando na mulher dele que ficou no planeta Terra, ela aparece. Só que não é a mulher, é uma imagem criada. Essa confusão entre o imaginário real é própria do imaginário, isso não é uma hipótese. Está expressando aquele verso do Heinrich Heine: “Eu sou a ação dos teus pensamentos”. Esse é um símbolo que tem uma força tremenda.
Não vicie a sua imaginação com jogos idiotas. Tente ficar ou no mundo do que você imagina e concebe como real, um mundo existencialmente admissível, ou dentro da linguagem onírica, a linguagem dos mitos e lendas etc. Quando a imaginação está muito logicamente estruturada, tem treta. É próprio da linguagem onírica e dos mitos a transformação dos símbolos: eles estão continuamente se transformando em outras coisas. Quando você vê uma coisa como o Super- Homem, onde a regra do jogo é imutável, então aquilo é realmente um jogo, não é o imaginário, isto é, o sujeito inventou uma regra de jogo e, em seguida, preencheu de imagens. Você tem o direito de perguntar: por que eu tenho de jogar esse seu jogo? O que eu vou ganhar com isso?