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Conflitos geopolíticos recentes (O Islamismo, Mundo Árabe e Oriente Médio,…
Conflitos geopolíticos recentes
O século XX foi o mais violento da história da humanidade
o número de mortos em guerras e conflitos armados nesse período foi três vezes maior do que nos quatro séculos anteriores.
Na última década do século XX, o fim da Guerra Fria resultou na
diminuição do número de conflitos entre Estados
.
Essa tendência de diminuição das guerras tradicionais, ou seja, do enfrentamento armado entre Estados soberanos, prosseguiu na primeira década do século XXI.
No entanto,
o número de conflitos no interior dos Estados, chamados de guerras civis, aumentou
.
Na primeira década do século XXI, mais de 90% dos mortos e feridos nos conflitos do mundo eram civis
Em geral, as guerras civis decorrem de
diferenças étnicas, religiosas e culturais existentes entre regiões ou grupos
.
As guerras civis também são agravadas pela fragilidade política dos Estados, incapazes de conter as tensões entre os grupos nacionais, prover segurança ou defender o seu território.
Esses confrontos, além de servirem de demonstrações de força em áreas resistentes às regras do capitalismo mundial, alimentam a poderosa
indústria de guerra
.
Novos armamentos, cada vez mais potentes, garantem a cooperação estreita e constante entre governo e indústria bélica.
A indústria bélica lucra bilhões de dólares todos os anos com as guerras civis e conflitos armados pelo mundo
O Islamismo, Mundo Árabe e Oriente Médio
Ao lado do Cristianismo e do Judaísmo, o Islamismo é uma das três grandes religiões monoteístas, ou seja, que acreditam na existência de um único Deus.
A palavra Islã significa “submeter-se” e exprime a obediência à lei e à vontade de
Alá
(Allah, Deus em árabe).
O livro sagrado do Islamismo é o
Alcorão
, que consiste na coletânea das revelações divinas recebidas por Maomé de 610 a 632.
Os seguidores da religião são conhecidos como
muçulmanos
.
Atualmente, o Islã é a religião que mais se expande no mundo, está presente em mais de 80 países e compreende mais de um bilhão de fiéis.
Após a morte do profeta Maomé, em 632, criou-se a figura do
califa
, ou seja, o líder da comunidade muçulmana no mundo
A divisão do Islã entre
sunitas e xiitas
remonta ao século VII e tem origem na disputa sobre a sucessão do profeta.
Os sunitas defendem que o chefe do Estado muçulmano (califa) deve reunir virtudes como honra, respeito pelas leis e capacidade de trabalho, porém não acham que ele deve ser infalível ou impecável em suas ações.
Os sunitas são a grande maioria, mais de 80% dos muçulmanos no mundo.
Os
xiitas defendem que a chefia do Estado muçulmano só pode ser ocupada por alguém que seja descendente da linhagem familiar do profeta Maomé ou que possua algum vínculo de parentesco com ele
.
Afirmam que o chefe da comunidade islâmica, o imã, é diretamente inspirado por Alá, sendo, por isso, um ser infalível. O quarto califa foi Ali, primo do profeta Maomé e casado com sua filha, Fátima. Ali foi assassinado.
Os xiitas são maioria apenas no Irã, Iraque e Azerbaijão; nos dois primeiros os presidentes são dessa ramificação.
Os
alauítas
são uma variação moderada dos xiitas, presentes sobretudo na Síria, tendo o presidente Bashar al-Assad como um dos seus seguidores.
Os grupos guerrilheiros
Já os grupos Hamas e Al-Qaeda são sunitas.
O Estado Islâmico (EI) também é sunita e luta pelo retorno do califado islâmico. O último califado foi o Império Otomano, abolido pelo nacionalista e secular líder turco Mustafa Kemal Atatürk em 1924.
Hezbollah é de orientação xiita.
O califado é uma forma de governo centrada na figura do califa
que seria um sucessor da autoridade política do profeta Maomé, com atribuições de chefe de Estado e líder político do mundo islâmico.
Mundo Árabe e o Oriente Médio
A civilização árabe tem origem na península Arábica
No século VII, as tribos da região unificaram-se em torno da língua árabe e do Islamismo.
A partir da unificação, os árabes formaram um vasto império que se expandiu até a Índia, o norte da África e a península Ibérica, com apogeu em 750 d.C.
O mundo árabe ocupa a área que vai do oceano Atlântico ao golfo Pérsico, abrangendo o norte da África e boa parte do Oriente Médio.
Os contornos dos atuais países existentes no mundo árabe são, até certo ponto, arbitrários e resultam do domínio das potências estrangeiras sobre a região no início do século XX
Com fortes interesses no controle das grandes reservas de petróleo, governos estrangeiros negociaram a independência de suas colônias ou áreas sob seu controle para que fossem governadas por aliados ou colaboradores.
O Oriente Médio não deve ser confundido com o mundo árabe
É uma região que faz parte da Ásia, tem muito petróleo e pouca água.
Integra Irã e Turquia, com populações islâmicas não árabes, e Israel, país judeu.
Os curdos habitam vários países do Oriente Médio, região onde também vivem várias minorias, como os assírios e caldeus.
Historicamente, Irã e Arábia Saudita disputam hegemonia e influência no Oriente Médio e no Islamismo
Possuem diferenças étnicas e religiosas: os iranianos são persas e muçulmanos xiitas, os árabes são sunitas.
Essas diferenças fazem com que apoiem governos e grupos armados de acordo com a orientação religiosa de cada país.
Como exemplo, temos a Síria, onde o Irã apoia o governo do xiita Assad e a Arábia Saudita apoia grupos rebeldes sunitas.
Em 2011, o mundo árabe se viu diante de uma série de revoltas populares, que ficaram conhecidas como
Primavera Árabe
, em alusão à Primavera de Praga
O palco dos conflitos foi a África do Norte e o Oriente Médio, região formada por países de maioria árabe e muçulmana.
Na origem das revoltas estava o agravamento da situação dos países, provocado pela crise econômica e pela falta de democracia.
As revoltas ocorreram em países com regimes autoritários e tiveram como resultado a deposição dos ditadores da
Tunísia, Egito, Líbia e Iêmen
. Na
Síria
, a revolta se transformou em uma sangrenta
guerra civil
.
A Tunísia é o único país em que a revolta popular alcançou o objetivo da democracia
. Nos demais países onde os ditadores foram derrubados – Egito, Líbia e Iêmen – a Primavera se transformou num tenebroso “Inverno Árabe”, além da Síria, onde descambou para a guerra civil
Fundamentalismo Islâmico
Ainda que o fundamentalismo esteja atualmente muito associado aos islâmicos, grupos fundamentalistas existem em todas as religiões.
Os agrupamentos políticos fundamentalistas buscam impor seus dogmas religiosos como base da organização do Estado e da sociedade.
É uma posição obscurantista, que recusa a democracia e se opõe à perspectiva secular adotada desde a Revolução Francesa (1789), quando os negócios de Estado se separaram das convicções religiosas.
A enorme maioria dos adeptos da religião islâmica é constituída por pessoas comuns que professam uma crença religiosa
Por isso, é um erro grave, que tem origem em preconceito religioso ou social, associar grupos terroristas que dizem agir em nome do Islamismo com os hábitos e crenças das populações muçulmanas em geral.
O fundamentalismo islâmico é contrário ao Estado democrático e laico, e sua perspectiva é a do Estado teocrático, como no Irã, onde o chefe do Estado é o líder religioso supremo, o aiatolá
Defendem a implantação da
Sharia
– o conjunto de leis e códigos de conduta extraídos do livro sagrado, o
Alcorão
, e da
Suna
(obra que narra a vida e os caminhos de Maomé), como lei, rejeitando o princípio da separação entre religião e Estado
O fundamentalismo islâmico é a fonte inspiradora de vários grupos armados do mundo islâmico, que lutam pela tomada do poder nos países em que atuam
. Os mais conhecidos são a Al-Qaeda, o Estado Islâmico e o Boko Haram
Tunísia
A
Revolução de Jasmim
, como ficou conhecido o processo que atingiu a Tunísia, entre 2010 e 2011, levou à queda do presidente Ben Ali, que ocupava o cargo desde 1987.
Ela começou com protestos populares após o suicídio de um vendedor ambulante, contra o regime autoritário do presidente.
As manifestações foram reprimidas violentamente e resultaram na derrubada do regime em 14 de janeiro de 2011.
A Tunísia é o único país da Primavera Árabe, que após as revoltas instalou-se a democracia. O país realizou eleições em 2012 e 2014.
Egito
Segundo país alcançado pela Primavera Árabe, as revoltas populares levaram à renúncia do ditador
Hosni Mubarak
, após 35 anos no poder.
No entanto, a promessa de instauração de democracia não prosperou. A conturbada transição para a democracia levou ao poder a Irmandade Muçulmana (fundamentalistas islâmicos).
Mohammed Mursi
foi o primeiro islâmico a assumir a chefia de um Estado Árabe pelo voto, em 2012. Porém, foi deposto por um golpe militar um ano após a posse.
O atual presidente, eleito em um pleito esvaziado, é o marechal
Abdel Fattah al-Sissi
Ex-chefe do Exército,
Sissi
comandou o golpe de estado que destituiu o presidente islâmico Mohamed Mursi, em julho de 2013.
O parlamento está fechado, Sissi acumula os poderes executivo e legislativo.
Desde a queda de Mursi, o cerco à Irmandade Muçulmana tem sido brutal
Centenas de membros foram mortos e milhares presos, incluindo Mursi e líderes políticos do grupo.
A irmandade foi declarada uma organização terrorista, o que torna crime participar de suas atividades.
A campanha de repressão não atinge só islamistas. O governo proibiu manifestações e está perseguindo quem critica ou se opõe aos militares.
Líbia
A queda do ditador Muammar Kadafi, em 2011, que governou o país com mão de ferro por 42 anos, gerou um vácuo de poder, fomentando a disputa entre milícias armadas, que até então lutavam juntas contra o ditador.
Esses grupos armados combatem por interesses próprios, para abocanhar o poder nas regiões em que atuam e para obter lucros com a exploração de recursos naturais, em particular do petróleo.
Distinguem-se mais pela origem étnica e pela vinculação a suas regiões do que pela inspiração religiosa, e formam coalizões que podem juntar islâmicos ou não.
As disputas políticas após as eleições de 2014 levaram à formação de dois governos, que disputam a legitimidade de falar em nome do país.
O governo reconhecido internacionalmente está sediado na cidade de Tobruk e aglutina particularmente os setores laicos.
O outro, com sede na capital do país, Trípoli, tem grande presença de islâmicos e contra a parte mais importante do país.
Esse quadro de instabilidade tem sido agravado com a presença do Estado Islâmico que se expandiu para o país.
O grupo controla a cidade de Sirte e tem realizado atentados terroristas, sequestros, execuções e decapitações de cristãos.