Normalmente os psicólogos se contentam em dizer que é uma apreensão intuitiva, inconsciente etc., mas é claro que não é possível falar propriamente de uma intuição ou um pressentimento, porque houve ali também um raciocínio indutivo. Depois de dez cartas, você já tem certo número de casos: por dez vezes a coisa se repetiu. Quando você vê que a mão do sujeito suava mais quando ele se aproximava da pilha de cartas vermelhas do que quando ele se aproximava das pilhas de cor azul, isto que dizer que a palma da mão dele já tinha feito o raciocínio indutivo, apenas com uma casuística menor. Enquanto a operação, digamos, “consciente-refletida” requer cinquenta casos para formar uma amostragem, criar uma regra indutiva que explique, neste outro processo, mais curto e mais breve, houve também um raciocínio indutivo: a mão do sujeito, depois de dez casos, já começa a suar mais quando se aproxima da pilha vermelha e, quase instintivamente, vai preferir cada vez mais as cartas da pilha azul. Para os psicólogos, a diferença entre os processos é que um é consciente enquanto o outro é inconsciente, mas não me parece ser este o caso. É claro que, do ponto de vista da estrutura lógica, isto é um raciocínio indutivo. Houve o raciocínio indutivo, que os psicólogos dizem que é inconsciente, e, a partir da quinquagésima jogada, há um outro raciocínio indutivo, que eles dizem que é consciente.