Há muitos outros conectivos, como os de: adição, certeza, concessão, confirmação, explicitação, opinião, dúvida, indiferença, consequência, causa, fim/intenção, hipótese/condição, sequência temporal/espacial, complemento etc. corte os verbos de pensamento. De agora em diante — pelo menos pelo próximo meio ano — você não poderá usar “verbos de pensamento”, incluindo: pensar, saber, entender, perceber, acreditar, querer, lembrar, imaginar, desejar e centenas de outros que você ama. Essa lista também deve incluir: amar e odiar. E pode se estender a ser e ter, mas nós vamos chegar nesse mais tarde. Pensar é abstrato. Saber e acreditar são intangíveis. Sua história sempre vai ser mais forte se você mostrar apenas as ações físicas e os detalhes dos seus personagens e permitir que seu leitor pense e saiba. E ame e odeie. Com verbos de pensamento: “Tiago levava chocolates, mas sabia que Vanessa não queria mais ficar com ele e odiava isso.” Sem verbos de pensamento: “Tiago comprou chocolates. Cada um dos bombons naquela caixinha podia definir se ele e Vanessa ainda ficariam juntos algum dia. O garoto pega o celular. Cinco horas sem resposta dela. Ele então para. Começa a juntar suas mãos e destrói a caixa de bombons, amassando todo o chocolate que, como sangue, escorria pelas suas mãos. Tiago joga a caixa longe, sem olhar para trás.” E, acredite, é possível fazer isso somente mergulhando em fantasia e memória. Verbos como “lembrar” e “esquecer” estão fora de questão. Nada de frases como “Wanda lembrou-se de como Nelson costumava escovar seu cabelo”. Em vez disso, diga: “Quando estavam no segundo ano da faculdade, Nelson costumava arrumar o cabelo dela com escovadas suaves e longas”. Evite até verbos como “ser” e “estar.” “Os olhos de Ann eram azuis” ou “Ana tinha olhos azuis” vs. “Ann tossiu e sacudiu uma mão em frente seu rosto, espantando a fumaça de cigarro de seus olhos, olhos azuis, antes de sorrir…” Em vez de usar os sem graça “ser” e “ter”, tente enterrar esses detalhes dos personagens em suas ações ou gestos. Para simplificar, isso é mostrar sua história, em vez de contar. E daqui para frente, depois que você aprender a desmembrar seus personagens, você vai odiar os escritores preguiçosos que se contentam com: “Jim sentou-se ao lado de seu telefone, perguntando-se se Amanda não ligaria.”