Por fim... A experiência, a possibilidade de que algo nos aconteça ou nos toque, requer um gesto de interrup-
ção, um gesto que é quase impossível nos tempos que
correm: requer parar para pensar, parar para olhar,
parar para escutar, pensar mais devagar, olhar mais
devagar, e escutar mais devagar; parar para sentir, sentir
mais devagar, demorar-se nos detalhes, suspender
a opinião, suspender o juízo, suspender a vontade,
suspender o automatismo da ação, cultivar a atenção
e a delicadeza, abrir os olhos e os ouvidos, falar sobre
o que nos acontece, aprender a lentidão, escutar aos
outros, cultivar a arte do encontro, calar muito, ter
paciência e dar-se tempo e espaço.
Definição do sujeito da experiência
Em qualquer caso, seja como território de passagem,
seja como lugar de chegada ou como espaço do
acontecer, o sujeito da experiência se define não por
sua atividade, mas por sua passividade, por sua receptividade,
por sua disponibilidade, por sua abertura.
"sujeito ex-posto"
é
incapaz de experiência aquele que se põe, ou se opõe,
ou se impõe, ou se propõe, mas não se “ex-põe”. É
definição de experiência: A experiência é em
primeiro lugar um encontro ou uma relação com algo
que se experimenta, que se prova.
sujeito da experiência é: é um sujeito
alcançado, tombado, derrubado. Não um sujeito
que permanece sempre em pé, ereto, erguido e seguro
de si mesmo; não um sujeito que alcança aquilo que
se propõe ou que se apodera daquilo que quer; não
um sujeito definido por seus sucessos ou por seus poderes,
mas um sujeito que perde seus poderes precisamente
porque aquilo de que faz experiência dele se
apodera. E
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