Todo mundo sabe que, para fazer um julgamento justo e verdadeiro sobre o que quer que seja, você tem de articular o particular com o geral: articular aquela situação específica que você está vendo com os conceitos mais gerais que você tenha sobre a verdade no sentido mais universal (ou seja, a sua concepção inteira do universo). Uma coisa tem de se relacionar com a outra.
Essa operação, que é de ordem tão-somente lógica, já tem as suas dificuldades. Nós acabamos de ver, na primeira parte da aula, que o maior problema da moralidade é justamente este: você pode ter as normas gerais, que você aceita como verdadeiras e justas, mas, nas situações particulares, você não as reconhece. As situações particulares não são facilmente reconhecíveis, enquadráveis e classificáveis dentro dessas normas gerais, ou seja, você não sabe quais são as categorias gerais que se aplicam àquela situação em particular que você está vivendo. Por quê? Porque as coisas não vêm com seus nomes escritos, com suas categorias e seus conceitos lógicos correspondentes. Então, essa simples caminhada lógica entre o singular/concreto e o universal já apresenta problemas terríveis, [00:10] mas a operação lógica não basta. Por quê? Porque a operação lógica não será feita por um computador, mas por um indivíduo concreto.