O computador estava ligado no descanso de tela. Eu mexi o mouse, o navegador se abriu e, antes de digitar minha pesquisa, eu dei uma olhada rápida no site à minha frente. A minha primeira reação foi de choque. Pensei: "Sério, mãe?"
De início, eu não entendi por que, aos 54 anos, ela precisava se submeter ao que pareceu ser um curso de sedução. Mas, em um instante, acho que um monte de coisa fez sentido na minha cabeça. Há uns meses, ela vinha agindo de um modo esquivo para sair de casa esporadicamente. Não tinha nada demais, só era particularmente estranho porque eu não achava que a vida dela fosse da minha conta, então eu também nunca questionei nada. De um dia pro outro, de repente ela começou a se explicar, se enrolar e dar uns indícios de vergonha, dando obviamente a entender também que aquele comportamento era antinatural e estranho mesmo para ela, que ela estava forçando alguma coisa.
-
[ Saio tranquilamente, o problema é depois ]
Não sei direito o que passou na minha cabeça com aquela reação. Ela tinha terminado o casamento há poucos meses e claro que eu tinha umas hipóteses para o que vinha acontecendo. Mas, naquele instante, eu liguei alguns pontos: imaginei ela saindo pra jantar com uns caras aleatórios, tentando conhecer pessoas novas e tentando reencontrar uma vida social que ela, de fato, tinha perdido.
A ficha demorou um pouco para cair. A ideia de um "curso de sedução", mesmo que eu estivesse reduzindo uma outra ideia a esse estigma, era um pouco difícil de digerir para mim. Por outro lado, eu compreendia um pouco da dificuldade em que ela se encontrava.
Depois de terminar um relacionamento de muitos anos, se reabilitar socialmente é uma tarefa assustadora não só para ela, mas para qualquer pessoa. Aquela coisa "nós dois contra o mundo" se quebrou e, de repente, ela se viu completamente separada de tudo o que era a vida dela.